"É preciso que a educação no campo seja tratada nos textos legais como um direito humano". Essa é a avaliação da pedagoga e professora da Universidade Federal de Pernambuco, Edla Araújo Soares, feita ontem (16) durante os debates da Conferência Nacional da Educação Básica. O evento ocorre até a próxima sexta-feira em Brasília. A secretária de Políticas Sociais da Contag, Alessandra Lunas, foi a mediadora da discussão.
Para Edla Soares, essa premissa deve ser incluída no relatório final da Conferência que será apresentado amanhã (18). "Temos que discutir a educação no campo a partir de um modelo de sociabilidade e de reconhecimento de um direito humano e não podemos deixar que incluam a educação no campo dentro do modelo de educação que aí está", afirma.
Um modelo de ensino diferenciado também foi defendido pela pesquisadora em Políticas Educacionais e Prática Pedagógica em Educação no Campo, Socorro Silva. Para ela, é preciso que a escola, tanto da zona rural quanto da zona urbana, contribua para o processo de melhoria do ser humano; e a educação no campo tem que ser tratada com a mesma prioridade com que se trata a educação na cidade.
"A educação no campo é sempre tratada como resíduo pelos municípios, que só investem nela o que sobra de suas prioridades", critica. A pesquisadora lembrou alguns avanços como a elaboração das diretrizes para a educação básica e a criação da Comissão Nacional de Educação no Campo, mas lamentou que a maioria das escolas ainda não elaboraram diretrizes próprias para a educação no campo.
Contag - Além de debater o tema, a Contag está participando de vários outros eixos de discussão no que se refere à educação básica. Uma delegação de cerca de 30 pessoas das federações de trabalhadores e trabalhadoras rurais está presente na Conferência.
Para Alessandra Lunas, é preciso que a educação no campo possa retratar qual é a necessidade das pessoas que vivem no meio rural e que também possa dar subsídios para que essas pessoas possam melhorar suas vidas. "É preciso saber o que os agricultores familiares, os trabalhadores rurais têm de necessidade, de fato, na escola, para que ela possa preparar os sujeitos para a vida", diz.
Hoje (17) à tarde, os delegados da Conferência discutirão as propostas a serem incluídas no relatório final, que será apresentado no último dia do evento. FONTE: Ciléia Pontes