O Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (MSTTR) comemora a realização da formatura da 1ª turma especial de Graduação em Direito para Beneficiários da Reforma Agrária e Agricultores Familiares Tradicionais, a partir da parceria entre a Universidade Federal de Goiás (UFG), o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e o Ministério da Educação (MEC), que aconteceu no sábado (11 de agosto), na Cidade de Goiás/GO. “Representa um momento de superação da distância que existe da comunidade acadêmica com as populações e sua diversidade no país, além de ser uma grande conquista da reforma agrária e da agricultura familiar”, destaca o secretário de Políticas Sociais da CONTAG, José Wilson.
Para o secretário de Política Agrária, Willian Clementino, esse curso de Direito Agrário é resultado de uma luta incansável da CONTAG, da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Goiás (FETAEG) e de outros movimentos sociais, pelas oportunidades de formação e capacitação dos jovens, homens e mulheres, trabalhadores e trabalhadoras rurais. “Essa discussão vem sendo travada ao longo dessa história de luta. Mas, a formatura em si não representa somente uma vitória e sim um desafio de como o movimento sindical vai continuar dialogando para construir novas turmas de Direito Agrário, de Medicina, dentre outros cursos para os trabalhadores e as trabalhadoras do campo”, reflete.
A CONTAG foi representada na solenidade de Colação de Grau pelo presidente Alberto Broch, pela vice-presidente e secretária de Relações Internacionais, Alessandra Lunas, pelo secretário de Políticas Sociais, José Wilson, pelo secretário-geral, David Wylkerson, e pelo secretário de Política Agrária, Willian Clementino. “Fomos prestigiar esse evento histórico que foi a primeira formatura no Brasil de Direito direcionado exclusivamente para o público da reforma agrária e agricultura familiar. Foi uma grande luta ao longo desses anos, pois esses jovens passaram por grandes sofrimentos, principalmente jurídicos para evitar a anulação do curso. Infelizmente, essa luta não terminou”, disse o presidente Alberto Broch, referindo-se à Ação Civil Público que questiona decisão do Ministério Público de Goiás de anular o funcionamento dessa turma especial.
O dirigente completa que o MSTTR está confiante nessa vitória até a última instância de julgamento, pois a qualidade do curso é inquestionável. “Essa turma já conseguiu aprovar 11 alunos no Exame da Ordem dos Advogados do Brasil e 3 estão aguardando o resultado da 2ª fase do 7º Exame da Ordem Unificado. Essa média está acima da nacional”, defende Broch.
Segundo José Wilson, outras universidades aprovaram essa iniciativa de firmar uma parceria com o Incra e o MEC para oferecer a graduação para esse público. “Já estão aprovados os cursos na Universidade de Feira de Santana e na Universidade Federal do Paraná. Já a 2ª turma da UFG está em processo avançado de aprovação. Por esse e outros motivos, estamos orgulhosos por essa conquista. É fundamental que as universidades conheçam as nossas experiências e saberes e que o campo tenha profissionais qualificados que ajudem os nossos trabalhadores e trabalhadoras rurais a acessarem as políticas públicas disponíveis e a garantirem os seus direitos”, ressalta.
Willian Clementino adiantou inclusive que a próxima etapa será discutir como esses trabalhadores, ora formados, contribuirão para o desenvolvimento da sociedade como um todo, especialmente para o desenvolvimento agrário e do campo brasileiro, na garantia e superação da fome e da pobreza na lógica de uma reforma agrária justa e da consolidação da agricultura familiar. “Outro desafio que nos remete agora é como dar continuidade a esse processo com os recém-formados e como implementar novas turmas para, efetivamente, sairmos do caos, da deficiência e dos baixos índices de formação na área rural”, argumenta o secretário. FONTE: Imprensa CONTAG - Verônica Tozzi