A Secretaria de Política Agrária da CONTAG avalia que há um aprofundamento do modelo capitalista no campo, com o avanço do agronegócio baseado na grande propriedade que produz monocultura para exportação com o uso intensivo de agrotóxicos e exploração da força de trabalho. Em paralelo, há um enfraquecimento da ação de reforma agrária no governo, com o baixo número de famílias assentadas e o reduzido investimento no desenvolvimento dos projetos de assentamento.
Esta conjugação de fatores acirra a violência e impõe mais dificuldades nas condições de vida e trabalho no campo, pela concentração e estrangeirização das terras, expulsão e desterritorialização de povos e populações tradicionais, degradação ambiental e maior exploração do trabalho.
Para se contrapor a esta conjuntura, a Secretaria de Política Agrária buscou aprofundar as lutas e mobilizações junto às FETAGs e Sindicatos, visando conquistar políticas públicas e fortalecer as ações de pressão na disputa contra o latifúndio e o agronegócio. “Mesmo com as dificuldades enfrentadas no atendimento às reivindicações, algumas vitórias precisam ser reconhecidas, a exemplo do avanço nas negociações com o Incra sobre o direito à terra para a juventude, 3ª idade e assalariados(as) rurais; renegociação das dívidas dos beneficiários dos programas Banco da Terra, Cédula da Terra e Crédito Fundiário; e aprimoramento nas condições do PNCF”, afirmou o secretário de Política Agrária da CONTAG, Willian Clementino.
Uma das ações de destaque deste ano foi a realização do Encontro Nacional Unitário dos Povos do Campo, das Águas e das Florestas, que envolveu os principais movimentos sociais que lutam pela reforma agrária. “Este encontro teve uma participação importante da CONTAG e revelou a maturidade e capacidade organizativa das organizações de construírem a unidade dentro da diversidade, como forma de enfrentar, com autonomia e independência, os problemas comuns que afetam o conjunto dos trabalhadores e trabalhadoras”, avaliou o dirigente.
O Encontro Unitário, que reuniu 10 mil participantes de todo o Brasil, reproduziu o espírito de unidade e luta que esteve presente no 1º Congresso Camponês realizado há 51 anos. Comprovando que a mobilização unitária é uma estratégia fundamental para garantir conquistas, foi a partir do Encontro Unitário que o governo editou os primeiros Decretos de desapropriação de áreas para a reforma agrária no ano, lançou a Política Nacional de Agroecologia e retomou as negociações da pauta específica dos assalariados(as) rurais.
Este processo de unidade vem sendo ampliado e já foram realizados encontros envolvendo todas as organizações em Pernambuco e Mato Grosso, além de reuniões conjuntas em vários locais.
FONTE: Imprensa CONTAG