Durante o período da ditadura militar, instalada no país pelo golpe de 31/03/1964, o Brasil atravessou um período de ausência de liberdades democráticas e de perseguição às entidades e lideranças populares. A CONTAG foi uma delas. Já em abril de 1964, o governo militar interveio na entidade, afastando e prendendo vários integrantes da diretoria eleita, forçando o seu presidente, Lyndolpho Silva, a se exilar fora do país. Em seu lugar, foi nomeado interventor o então presidente da Federação de São Paulo, José Rotta.
O período foi marcado por violenta repressão contra a luta por terras e reivindicações dos assalariados(as) rurais por melhores salários e condições de trabalho. A política agrícola estava voltada exclusivamente para os interesses dos grandes proprietários, o que favorecia o êxodo rural.
Em 1967, José Francisco da Silva derrotou José Rotta por apenas um voto de diferença, vencendo as eleições para a diretoria da CONTAG. No ano seguinte, ele convocou um encontro com todas as federações, no qual elaboraram um Plano de Integração Nacional (PIN). A bandeira eleita como central foi a da Reforma Agrária.
A CONTAG assumiu uma posição de defesa das liberdades democráticas, de crítica às ações do governo no campo e contra a intervenção nas entidades sindicais, utilizando o lema “Sindicalismo Autêntico é Sindicalismo Livre”. Foram conquistadas vitórias importantes, como o assentamento de milhares de famílias e o estabelecimento de negociações coletivas de trabalho no Nordeste e no Sudeste, assegurando a recomposição salarial para os assalariados(as) rurais frente à inflação.
A necessidade de ampliar a organização dos trabalhadores(as) nos municípios e constituir sindicatos era uma das demandas do movimento naquele período. Um dos instrumentos para acelerar o processo de organização e politização da categoria foi a revista O Trabalhador Rural, lançada durante os “anos duros” do regime militar, 1968 e 1969, e que levava as ideias e propostas da CONTAG às federações e sindicatos de todo o país.
Foi implementado um grande processo de formação sindical investindo fortemente na formação de lideranças por meio de cursos sobre a realidade brasileira, legislação trabalhista, cooperativismo agrícola e organização sindical. A CONTAG realizou um intenso trabalho de conscientização dos trabalhadores(as) rurais sobre os seus direitos, qualificando-os para a luta cotidiana.
Em 1979, durante a abertura do 3º Congresso Nacional de Trabalhadores Rurais, José Francisco demonstrou que entre 1969 e 1979 o número de federações havia aumentado de 19 para 21, o de sindicatos de 1.500 para 2.775 e o de associados de 2,5 milhões para mais de 5 milhões.
A CONTAG estava consolidada como uma instituição forte, democrática e de luta, na qual todas as correntes de pensamento podiam se expressar para contribuir com um movimento sindical combativo, justo e inclusivo. FONTE: Arquivo CONTAG