O Brasil corre o risco de perder no próximo ano a parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT) no combate ao trabalho escravo. Isso porque a OIT alega não dispor de recursos financeiros para dar continuidade ao projeto, iniciado em 2002, no valor de US$ 1,7 milhão.
A previsão de gastos da OIT com a fiscalização do trabalho escravo neste ano é de R$ 4,6 milhões. A Contag, que apóia a luta contra esse crime, teme que, com o fim da parceria, haja mais abuso por parte de fazendeiros e empresários, além do retrocesso na erradicação do trabalho escravo.
O secretário de Assalariados e Assalariadas da Contag, Antônio Lucas Filho, ficou surpreso com a notícia. "Entre 1995 e 2007, a parceria libertou 21,3 mil trabalhadores. Nós contávamos com a ampliação do trabalho e não com o rompimento desse trabalho", disse. Para ele o Brasil sairá prejudicado com o fim da parceria. "Com o agronegócio crescente, cresce também a probabilidade de ter trabalhador no campo em situação análoga à de escravo", alertou.
No início do ano, o então ministro do trabalho, Luiz Marinho, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, e o secretário nacional de Direitos Humanos, Paulo de Tarso Vannuchi, enviaram uma carta ao Itamaraty, pedindo que o chanceler Celso Amorim interceda na OIT para que a parceria não seja cancelada. Mas o governo ainda não obteve resposta.
Fonte: Vanessa Montenegro