A reforma agrária teve pouco avanço em todas as regiões brasileiras. Essa é a constatações do Coletivo Nacional de Política Agrária da Contag, que se reuniu nesta quinta (12) e sexta-feira (13) na sede da entidade. Os membros do Coletivo fizeram um balanço das ações do governo nessa área e concluíram que muito ainda tem de ser feito.
Os dirigentes sindicais reclamam da falta de prioridade do governo federal na promoção da reforma agrária. "Infelizmente, a reforma agrária foi tema mais presente no debate do primeiro mandado do presidente Lula. Em 2006 foi razoável, mas em 2007 piorou. No ano passado, quando esperávamos alguma melhora, piorou ainda mais", reforça o secretário de Política Agrária e Meio Ambiente da Contag, Paulo Caralo.
Um dos principais problemas é a inércia das superintendências estaduais do Instituto Nacional de Colonização Fundiária (Incra), segundo os dirigentes. As diretorias do órgão são negociadas entre aliados do governo, que acaba são nomeando pessoas sem experiência no assunto, como é o caso da Superintendência de Goiás, comandada por um dentista.
"Em Goiás, a meta era assentar 1,5 mil famílias em 2008. Só foram assentadas 300, e desses 240 eram ligadas ao movimento sindical de trabalhadores e trabalhadoras rurais (MSTTR) e o restante a outros movimentos", afirmou Sandra do Carmo Faria, secretária de Política Agrária da Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Goiás (Fetaeg).
O presidente da Contag, Manoel dos Santos, lembrou que a nomeação de pessoas sem ligação com a reforma agrária prova que o tema é prioridade para o governo federal. Disse que o MSTTR deve se unir a outros movimentos sociais para elaborar propostas comuns e pressionar o poder público a concretizar as metas de assentamentos. "Hoje, existe uma divisão de estratégias entre os movimentos sociais. Não há articulação para elaborar propostas comuns".
Na reunião do Coletivo, os dirigentes também discutiram o convênio entre a Contag e a Secretaria de Reordenamento Agrário (SRA), ligada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Entre os dias 24 e 27 de março, será realizado um seminário nacional para debater a reforma agrária e discutir o Programa Nacional de Crédito Fundiário. FONTE: Ciléia Pontes, Agência Contag de Notícias