O suco de laranja tem uma grande popularidade na Alemanha. A fruta para o suco geralmente vem de grandes monoculturas no Brasil. No passado, reportamos, especialmente as violações dos direitos trabalhistas e condições precárias de trabalho para os(as) colhedores(as). Em 2020, a Iniciativa Cristã Romero (CIR) fundou a Parceria para o Suco de Laranja Sustentável (PANAO) junto com atores do setor privado, sociedade civil, sindicatos e setores públicos no Brasil e na Alemanha, na perspectiva de melhorar as condições de trabalho e ambientais na cadeia produtiva do suco de laranja.
A sociedade civil no Brasil precisa de organização para ser ouvida
Juntamente com nossa organização parceira Repórter Brasil, Iniciativa Romero incentiva a sociedade civil, assim como as organizações de agricultores familiares no Brasil, a participar dos debates locais da Parceria para o Suco de Laranja Sustentável (PANAO). Desde meados de 2020, a Repórter Brasil vem apoiando sua auto-organização em grupos locais. Por exemplo, foi formada a Aliança para os Direitos Humanos nas Cadeias Produtivas. Trata-se da proteção dos direitos humanos no setor agrícola, da melhoria das condições de trabalho e da prevenção de condições de trabalho análogas à escravidão. Isto se aplica não apenas às cadeias de abastecimento de suco de laranja, mas também a outras cadeias de abastecimento agrícola, como café, cana-de-açúcar ou cacau. Finalmente, houve uma discussão sobre como as leis da cadeia de abastecimento podem ser implementadas no setor laranja. A iniciativa Romero apoia o trabalho da sociedade civil principalmente através do trabalho em rede com atores internacionais, tais como a Corporate Accountability (CorA) na Alemanha e a Cooperacao Brasil (KoBra).
Com estratégias feitas sob medida: criando acesso ao mercado para os(as) produtores(as) de cítricos
Além de promover o trabalho da sociedade civil, o objetivo é facilitar o acesso das cooperativas ao mercado internacional de suco de laranja. Para este fim, a Repórter Brasil organiza cursos de treinamento que permitem à agricultura familiar posicionar-se com uma estratégia de marca de sucesso. O foco está particularmente nos métodos de agricultura orgânica ou na certificação como modelo de negócios. Além disso, um projeto de cooperação entre a Universidade de Ciências Aplicadas de Münster, a Universidade Federal de Sergipe e a Iniciativa Romero está atualmente em andamento com o objetivo de desenvolver estratégias concretas de acesso ao mercado no setor do suco de laranja que sejam adaptadas às necessidades das cooperativas de agricultores(as). Para isso, estão sendo coletados dados no nordeste do Brasil, que se caracteriza por uma agricultura familiar. Membros da Cooperativa Agropecuária Mista do Litoral Norte de Bahia (COOPEALNOR) e da COOPERIN estão sendo estudados. Ao mesmo tempo, está sendo realizada uma pesquisa na cidade de Münster e região sobre as expectativas e a demanda de potenciais compradores(as) de suco de laranja dessas cooperativas. Os resultados do estudo são esperados até novembro de 2022.
Os primeiros passos já foram dados, mas ainda há um longo caminho a percorrer
A organização e a promoção da sociedade civil e dos agricultores familiares no Brasil são os primeiros passos importantes para uma cadeia de fornecimento de suco de laranja sustentável. Estas ações locais são fundamentais para alcançar os objetivos do PANAO, já que a maioria das organizações da Aliança para os Direitos Humanos em Cadeias Produtivas, bem como o Sistema Confederativo (Sindicatos, Federações e CONTAG) são agora membros da PANAO e participam das discussões sobre a governança justa da cadeia de abastecimento. A última reunião para tratar do tema contou com a presença da secretária de Política Agrícola da CONTAG, Vânia Marques Pinto.
Comunicação Iniciativa Romero - Andréa de Moraes Barros