Por: Repórter Brasil
Os dois maiores frigoríficos do Brasil e o maior do Sudeste paraense concordaram em cortar relações comerciais com pecuaristas flagrados com trabalho escravo. A pressão veio do Wal-Mart e do Banco Mundial
A pecuária bovina é a atividade que mais utiliza trabalho escravo no Brasil. É praticada em 62% das propriedades rurais da "lista suja" do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), relação de empregadores flagrados pelo governo federal que utilizaram essa forma de mão-de-obra.Mas durante os dois anos de existência do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo, acordo que envolve as empresas no combate a esse crime,nenhum frigorífico figurou entre os mais de 100 signatários.
Na última semana, o quadro mudou: três frigoríficos decidiram aderir. O Bertin assinou o Pacto em 16 de maio, o Friboi, no dia 21, e o Redenção, no dia 22.O acordo reúne empresas - como Wal-Mart, Petrobras, Amaggi e Carrefour - que se comprometem a erradicar o trabalho escravo em suas cadeias produtivas. Na prática, elas devem cortar relações comerciais com os empregadoresda "lista suja" e com os fornecedores que comprem delas.
Essa articulaçãoempresarial surgiu em maio de 2005, depois que um grupo de grandescompanhias foi alertado pelo Instituto Ethos, pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e pela Repórter Brasil de que estavam comprando produtos advindos de propriedades rurais com trabalho escravo. Esse mapeamento, baseado nas fazendas da "lista suja", foi feito pela Repórter Brasil em 2004.
Todas as empresas detectadas como compradoras desses produtos foram convidadas por essas três instituições a conhecer o estudo e a se engajar na causa através da assinatura do Pacto. Na época, os 19 frigoríficos encontrados na pesquisa foram chamados, mas decidiram não assinar o acordo.
A Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec) aderiu. Mas, até agora, não apresentou medidas significativas de seus associados para erradicar a escravidão.
Fonte: Site da Cut