Capacitação e oportunidade. Essas são apenas umas das reivindicações de dezenas de trabalhadoras rurais que participam da X Reunião Especializada da Agricultura Familiar (REAF) do Mercosul, no Rio de Janeiro. Elas formaram no último domingo (23) o grupo de gênero para tratar do acesso do segmento à terra.
É o caso de Claudia Herrera, do Fórum Nacional de Agricultura Familiar da Argentina. Trabalhadora rural indígena da comunidade de Mendonza, ela quer ajudar a mudar a realidade de jovens e mulheres da região. "Nos últimos anos, avançou a concentração da terra nas mãos de grupos pequenos, o quê provocou a expulsão dos agricultores familiares e dos povos indígenas do campo. Isso impactou nossas vidas, engordando os cinturões de pobreza nas cidades", afirma.
A dirigente argentina disse que o espaço destinado às mulheres na X REAF ajuda a pensar em um futuro melhor. "Olhando o exemplo dos outros países vizinhos, a gente se espelha um pouco e começa a pensar que um outro caminho é possível".
O Brasil avançou em políticas públicas para as mulheres do campo, segundo a coordenadora da Comissão Nacional de Mulheres da Contag, Carmen Foro. No entanto, ainda há o que melhorar. "Não só o governo abriu mais diálogo, mas os movimentos sociais fizeram também o seu papel. Nesse ponto, a Marcha das Margaridas tem sido fundamental. Porém, ainda falta clareza nos instrumentos que operam essas políticas".
A X REAF ocorre até o dia 27 de novembro, no Rio de Janeiro. O evento é promovido pelo ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), e a Contag é uma das entidades participantes. FONTE: Danielle Santos, enviada especial ao Rio de Janeiro