Com a denúncia de que a maioria das políticas públicas beneficia as indústrias e o comércio, em detrimento da agricultura familiar, tornando o trabalhador rural refém de um sistema explorador, que visa apenas o lucro sem se preocupar com a vida e o meio ambiente e, ao mesmo tempo, reivindicar políticas públicas voltadas a um novo modelo de desenvolvimento rural, que garanta autonomia, qualidade de vida às famílias e a permanência dos jovens no meio rural. Essa a síntese da Carta de Lajeado, que saiu do 5° Congresso Estadual da Juventude Trabalhadora Rural, realizado pela Fetag nos dias 25 e 26, no Parque do Imigrante, em Lajeado.
A coordenadora de jovens da Fetag, Josiane Einloft, avaliou de forma positiva o Congresso. “Conseguimos de fato motivar a juventude para que participem do movimento sindical, que tenham clareza de sua profissão que é ser agricultor, bem como despertar novas lideranças para que ocupem espaços nos sindicatos”, enfatiza. Para ela, o grande desafio, daqui para frente, é dar continuidade a todo esse trabalho.
Por volta das 14h, os jovens se deslocaram em caminhada, sob um sol forte, cantando em direção ao centro da cidade, até chegar ao Parque Dick, num percurso de aproximadamente 3km. Ali, a Carta de Lajeado foi lida e aprovada por todos e em seguida entregue ao presidente da Fetag, Elton Weber, que vai encaminhar ao conjunto do Movimento Sindical dos Trabalhadores e das Trabalhadoras Rurais (MSTTR), ao deputado Heitor Schuch, que fará a sua leitura na próxima semana em plenário na Assembleia Legislativa e, ainda, a Nestor Bonfanti, diretor da Federação.
CARTA DO 5º CONGRESSO ESTADUAL DAJUVENTUDE TRABALHADORA RURAL
Nós, jovens trabalhadores e trabalhadoras rurais do Rio Grande do Sul, reunidos nos dias 25 e 26 de novembro de 2014, no município de Lajeado-RS, durante o 5º Congresso Estadual da Juventude Trabalhadora Rural, vivenciamos um grande momento de reflexão sobre o papel e a participação da juventude junto ao movimento sindical e ao meio rural.
Este ano, que é considerado o Ano Internacional da Agricultura Familiar, instituído pela ONU, reconhece o papel da agricultura familiar na produção de alimentos, favorecendo a soberania e segurança alimentar no mundo. Além de garantir a manutenção do tecido social no campo, interação com a natureza, fortalecimento da identidade e cultura camponesa na construção de um mundo rural dinâmico e vivo.
Neste contexto, a partir da compreensão de que a agricultura familiar é um modo de vida, a juventude assume papel fundamental para a sobrevivência, continuidade e fortalecimento do meio rural e do movimento sindical de trabalhadores e trabalhadoras rurais.
Denunciamos, no entanto, que a maioria das políticas públicas de hoje beneficiam mais as indústrias e o comércio, do que a agricultura familiar, tornando os agricultores(as) reféns de um sistema explorador, que visa apenas o lucro sem se preocupar com a vida e o meio ambiente.
Para isso, propomos e reivindicamos políticas públicas voltadas para um novo modelo de desenvolvimento rural, que garanta autonomia e qualidade de vida às famílias e a permanência dos jovens no meio rural. E um movimento sindical com consciência crítica do seu papel na sociedade e que perceba e valorize a contribuição dos jovens para o fortalecimento do sindicalismo.
Nesse sentido, temos vários desafios importantes para garantir a sucessão rural e sindical, permitindo assim uma maior inserção e participação dos jovens na construção de um movimento sindical militante, atuante e combativo na construção de um desenvolvimento rural sustentável e solidário.
A partir do nosso 5º Congresso, percebemos a necessidade de resgatar a essência do movimento sindical, nossa militância, nossa identidade e representatividade enquanto juventude do campo. Diante deste cenário se faz necessário repensar a nossa organização e a ação enquanto protagonistas. Nesse sentido, fica a grande pergunta: Qual é ou será nossa ação?
Os grandes eixos do Congresso construíram propostas relacionadas à Sucessão Rural e Trabalho Infanto-Juvenil, Sucessão Sindical, Acesso à Terra e Reforma Agrária, Educação do Campo, Saúde e Desenvolvimento Rural, além da importância de lutar pelas melhorias na infraestrutura no campo e políticas públicas voltadas à juventude. Essas propostas devem ser as bandeiras da juventude e do movimento sindical como um todo, para que assim possam se tornar realidade.
Esta caminhada de organização da juventude nos traz muitos aprendizados, debates, troca de saberes, construção de ideias e o que fica é o legado de que estamos cada vez mais fortalecidos(as) e queremos ser ouvidos(as) e participar, não concordando em ser apenas coadjuvantes.
Lajeado, 26 de novembro de 2014.
Juventude Trabalhadora Rural do Rio Grande do Sul FONTE: Assessoria de Comunicação da FETAG-RS - Luiz Fernando Boaz