O trabalho infantil na agricultura está presente não só no Brasil. Em todo o mundo 215 milhões de crianças estão trabalhando. Segundo dados do Censo 2010, no Brasil, 3,4 milhões de crianças e adolescentes entre 10 e 17 anos encontram-se nessa situação. Desse total, mais de 1 milhão trabalha na agricultura e cerca de 309 mil estão no Nordeste. A partir dessa realidade, representantes de movimentos sociais e sindicais, de ONGs, de organizações internacionais e governos de 50 países se reuniram em Washington (EUA) na Conferência Internacional sobre Trabalho Infantil na Agricultura. O evento foi realizado pela Marcha Global contra o Trabalho Infantil, UITA e OIT, dentre outras entidades, de 28 a 30 de julho.
A CONTAG foi selecionada como exemplo de boa prática na América Latina por sua reconhecida atuação na proteção integral das crianças e adolescentes ao longo destes quase 50 anos, tendo como foco a formação de adultos autônomos, qualificados e com condições de viverem e atuarem no campo com possibilidades de sucesso e vida digna. Aliás, o Projeto Alternativo de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário (PADRSS) tem como princípios promover o protagonismo político desses sujeitos, buscar sempre o respeito às diferenças e o combate a todas as formas de desigualdade e discriminação.
A conferência possibilitou uma importante troca de experiências entre os países, mobilização e rearticulação das entidades e atores sociais que defendem e promovem a proteção infanto-juvenil, além da preparação para a Conferência Global contra o Trabalho Infantil, que ocorrerá em 2013 no Brasil.
Para Alessandra Lunas, vice-presidente e secretária de Relações Internacionais da CONTAG, “o dilema que se coloca é justamente definir até onde as práticas na agricultura familiar podem ser consideradas educativas e como esta educação para a vida no campo pode ser feita sem expor a criança e o adolescente a riscos ou prejuízos no seu desenvolvimento físico, social, moral e mental.”
Já o secretário de Políticas Sociais da CONTAG, José Wilson, destacou que, a partir do 9° CNTTR, o MSTTR ampliou o debate sobre trabalho infantil para proteção infanto-juvenil no campo. “Agora, às vésperas da Conferência Global contra o Trabalho Infantil e do 11° Congresso da CONTAG, é preciso dar mais um passo adiante, buscando não só ampliar e qualificar a participação do MSTTR nos diversos espaços e elaboração de políticas públicas, mas também exigir do Estado políticas públicas de proteção social e econômica.” FONTE: Imprensa CONTAG