Manoel José dos Santos, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag)
O movimento sindical dos trabalhadores e trabalhadoras rurais (MSTTR) está em um momento de extrema importância para garantir novas conquistas e avançar na luta pela reforma agrária e pela valorização da agricultura familiar. Com o Grito da Terra Brasil 2007, o movimento coloca na mesa de negociações pontos cruciais para o desenvolvimento do campo.
Entre as reivindicações está o aumento de R$ 2 bilhões para financiamentos no Programa Nacional de Fortalecimento da Reforma Agrária (Pronaf) no Plano Safra 2007-2008, passando dos R$ 10 bilhões da safra anterior para R$ 12 bilhões. O MSTTR quer a suplementação de R$ 90 milhões no orçamento destinado à Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) este ano e R$ 600 milhões para o orçamento de 2008, além do aumento de R$ 20 mil para R$ 40 mil no limite para a concessão de financiamentos sem exigência de garantias reais. Propomos, ainda, a redução de juros pela metade para os financiamentos do Pronaf e reivindicamos medidas mais ousadas do governo para a reforma agrária, fixando meta de 250 mil assentamentos anuais nesta segunda gestão de Lula.
O governo precisa assumir metas, pois apenas dessa forma seremos capazes de avaliar a política de reforma agrária. Outra reivindicação essencial diz respeito à atualização dos índices de produtividade rural. Entendemos que essa deve ser uma posição do presidente da República. O governo tem focado na compra de grandes fazendas, que poderiam ser desapropriadas se os índices estivessem atualizados.
Questões relacionadas ao crédito também estão na pauta. Esperamos aumento de recursos para assistência técnica, com ações que resultem na valorização dos produtos da agricultura familiar. A ausência de assistência técnica crescente proporcional ao Pronaf torna o crédito desinteressante, pois a falta de planejamento e de assistência técnica adequada resulta em dívidas. A demanda não é apenas por mais recursos para custeio, é por crédito dirigido, sobretudo, ao investimento e ao financiamento da infra-estrutura.
A violência no campo, contra o conjunto dos trabalhadores e contra as mulheres, é outro ponto central da nossa pauta de reivindicações do Grito da Terra Brasil 2007. Temos, também, enfatizado a necessidade da construção de políticas que fortaleçam a capacidade produtiva dos trabalhadores rurais, para dar mais dignidade, liberdade e vida saudável, de gente, para os homens e mulheres que vivem no campo.
As demandas estão apresentadas. Vamos, a partir de agora, manter um processo permanente de mobilização, pressão e negociação. Os direitos da classe trabalhadora dependem fundamentalmente da nossa união, mobilização e luta. A Contag vai mobilizar lideranças sindicais, representantes das comissões de jovens e mulheres, dirigentes das Fetags e dos STRs em Brasília a partir de 21 de maio.
Fonte: Site da Cut