Os trabalhadores e trabalhadoras rurais ligados à Contag, ao MST e Movimento de Apoio aos Trabalhadores Rurais (MATR) continuam ocupando a garagem da sede do Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra), em Brasília. Eles aguardam a correção do documento com os encaminhamentos das reivindicações que fizeram ontem, durante reunião com o presidente do Incra, Rolf Hackbart, para então discutir com a base se continuam ou não ocupando a sede do Instituto.
A reunião começou por volta das 17 horas. Rolf abriu a mesa de negociações dizendo que não era preciso invadir o prédio para resolver as questões que estavam na pauta de reivindicação dos movimentos e que a pauta a ser discutida já havia sido conversada em janeiro deste ano. O diretor de Assalariados e Assalariadas da Contag, Antonio Lucas, disse que o Incra desrespeita o movimento. "Se abrissem a porta não seria necessário ocupar", disse. "Pior que ocupar a sede do Incra é deixar milhares de trabalhadores por 3 ou 4 anos debaixo de uma lona, esperando desapropriação de terra".
Os rurais lutam pelo assentamento de 1.800 famílias que estão acampadas no Distrito Federal (DF) e Entorno. Elas aguardam pela terra há 4 anos, e para isso defendem o afastamento do superintendente da Regional 28 (responsável pela região do DF e Entorno), José Renato Lordelo. Holf informou que o Incra e as suas superintendências estão sendo avaliadas e, por isso,que só pode sair uma definição doafastamento do funcionário em dez dias, no encerramento desse trabalho.
Os agricultores querem também a liberação de créditos, convênios e recursos para o programa de habitação nos assentamentos na região do DF e entorno. Discutiram caso a caso com os diretores do departamento de Obtenção de Terra, Cezar José de Oliveira, e Desenvolvimento de Projetos de Assentamento do Incra, Carlos Henrique Kovalski. A resposta que receberam é de que todos os processos estão encaminhados. Sobre a prisão dos culpados pela chacina de Eldorado dos Carajás, Rolf disse que quer tanto quanto eles que os culpados sejam punidos. "Mas dependemos da Justiça para que isso aconteça", concluiu. A chacina completa hoje (17) dez anos e nenhum dos acusados foi preso.
Às 20h30 a reunião foi encerrada. O Incra sugeriu encontro entre a instituição e representantes dos três movimentos no dia 2 de maio para análise dos encaminhamentos. Foi redigida uma ata que deveria ter sido assinada ontem.
Fonte: Emmanuelle Nunes da Agência Contag de Notícias.