Após três dias de debates com expositores convidados e trabalhos em grupo, o saldo do evento é positivo, com acúmulo de conhecimento sobre temas da mulher trabalhadora rural. Mais de 60 mulheres, dirigentes sindicais, empoderadas e revigoradas. O Seminário de Formação das Mulheres, que terminou no último sábado (26), teve boa repercussão entre as participantes, que voltaram para as comunidades com melhor qualificação para continuar o processo de mobilização em seus respectivos estados. A secretária de Mulheres da Contag, Carmen Foro, avalia que conseguiram juntar formação com ação. “Penso que houve uma excelente combinação entre o momento de estudo, de reflexão e o momento de atualização da nossa estratégia”, completa. A receptividade e o interesse das trabalhadoras rurais diante das discussões marcaram os trabalhos e enriqueceram o debate, como conta a dirigente de São Mateus (ES), Sidneia do Nascimento. Para ela, um dos pontos mais interessantes foi a discussão sobre a participação das mulheres na política. “Nós sabemos que as mulheres precisam ocupar cada vez mais os espaços de poder, vou levar esse sentimento mais forte desta vez”, afirma. Um dos temas que sempre geram polêmica é a violência contra as mulheres. A dirigente de Tijucas (SC), Elizete de Souza e Silva Gonzaga, tinha conhecimento sobre o assunto, mas não sabia que as proporções eram tão grandes. “Eu não tinha noção de que a violência estava tão presente na vida das mulheres do campo”, diz ao se referir aos dados repassados em uma das exposições pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Para Sandra Rodrigues, coordenadora estadual de Mulheres de Roraima, o curso foi extraordinário, porque trouxe informações novas sobre os temas que estão diariamente na pauta do movimento sindical. A dirigente relata que o estado até bem pouco tempo atrás tinha apenas uma pecuária forte, mas que aos poucos a agricultura já está fazendo parte da economia, embora ainda díspar de outras unidades da federação. “Vi aqui que todos os outros estados tem técnicos que vão até a propriedade das pessoas ajudar com informações, lá nós não temos isso não”, lamenta a sindicalista. O aprofundamento sobre os temas da Marcha marcaram a dirigente de Goiânia (GO), Alícia Oliveira de Lima. Durante as discussões sobre agroecologia, Alícia se mostrou impressionada com as informações sobre o uso de agrotóxicos pelo agronegócio. Já Leidjane Fernandes Baleeiro, de Urandi (BA), diz que a questão da invisibilidade do trabalho da mulher no meio rural é revoltante. Fechando este ciclo de formação, a secretária Carmen Foro conclui que as mulheres voltam para os estados mais fortalecidas para continuar o processo de mobilização da Marcha, mesmo em um ano em que o calendário sindical nacional apresenta diversas mobilizações de grande porte. “Todas as atividades terão o compromisso mobilizador com a Marcha das Margaridas”, afirma. FONTE: Agência Contag de Notícias - Suzana Campos