As mulheres trabalharam muito em 2010. Além de cumprir com todas as ações do calendário sindical, houve a preparação para a Marcha das Margaridas. Em março elas participaram da terceira ação da Marcha Mundial das Mulheres, evento que reuniu três mil manifestantes de diversos movimentos sociais, em uma caminhada de Campinas a São Paulo. As mulheres reivindicavam autonomia econômica, paz e desmilitarização, não violência contra a mulher e preservação dos serviços públicos. No mesmo mês, a Secretaria de Mulheres da Contag publicou os resultados da pesquisa ‘“Violência contras as mulheres trabalhadoras rurais nos espaços doméstico, familiar e no movimento sindical”, com grande repercussão na mídia nacional. Para a secretária de Mulheres da Contag, Carmen Foro, o resultado da pesquisa comprovou que as mulheres do campo estão mais vulneráveis à violência que as mulheres do meio urbano. “O estado brasileiro esteve ausente do campo e não tem serviço de enfrentamento a violência e não tem estratégia e políticas publicas suficiente pra que a gente possa enfrentar a violência, que não se enfrenta apenas com delegacia da mulher, mas com um conjunto de políticas que aos poucos tem chegado ao campo, mas ainda há um longo caminho pra trilhar”, lembrou Carmen. Outro tema que mobilizou a Secretaria foi organização produtiva. As trabalhadoras debateram o tema em agosto, durante o seminário sobre segurança alimentar, promovido em conjunto com a Secretaria de Política Agrícola. Na oportunidade, as mulheres discutiram diretamente com representantes do governo e da Caixa Econômica Federal a necessidade de o programa nacional de habitação rural atender de fato as mulheres do campo. Formação foi outro item de destaque da agenda da pasta. A Escola de Formação da Contag, Enfoc, organizou atividade dirigida exclusivamente para mulheres. O curso foi divido em três módulos e contou com a participação de mais de 80 dirigentes sindicais. Nos encontros foi discutida, entre outros temas, a participação das mulheres nos espaços políticos. “Ao contrário do que a grande mídia fala, que mulher não vota em mulher, penso que as mulheres tiveram importante contribuição nesse debate. Não só no debate de voto, mas no debate qualitativo do que significava eleger uma mulher presidenta da república. A contribuição das mulheres foi fundamental em refletir essas questões e entrar também no processo de mobilização forte”, analisou Carmen Foro. O ano de 2010 foi de muita luta, e de vitórias. Uma delas foi a publicação de portaria sobre diretrizes e ações de enfrentamento à violência contra as mulheres do campo e da floresta. “Nós passamos quase três anos e pouco tentando convencer o governo que é preciso pensar nas diretrizes. agora, os próximos desafios são de transformar aquelas letras em ações concretas”, defendeu a dirigente. As mulheres também tiveram forte presença no Grito da Terra Brasil. Avanços importantes foram conquistados, como o fomento à organização produtiva a partir do Programa da Alimentação Escolar e de compras públicas da agricultura familiar. Outro evento em que a trabalhadoras rurais também estiveram presentes foi o Festival Nacional da Juventude Rural, que aconteceu em agosto. Mas o carro chefe de todas as atividades do ano foi o início da preparação da Marcha das Margaridas, com o lema “Duas mil e onze razões para marchar por desenvolvimento sustentável com justiça, autonomia, igualdade e liberdade”. A quarta edição da marcha foi lançada nacionalmente em novembro com o desafio de mobilizar 100 mil mulheres e de negociar uma pauta qualificada. “Temos a possibilidade de, num governo que tem uma mulher presidenta, chegar com uma proposição avançada e audaciosa para que os resultados signifiquem esse desejo e essa expectativa”, lembra a secretária. Para fechar o balanço, em dezembro Carmen Foro recebeu a notícia de que o Senado Federal escolheu seu nome para receber o título de ‘Mulher Cidadã Bertha Lutz’. O prêmio é concedido às personalidades brasileiras que prestam serviços relevantes na defesa dos direitos femininos. A sindicalista comemorou a notícia: “o prêmio é de todas as trabalhadoras rurais, que se organizam e têm coragem de sair da invisibilidade para lutar por seus direitos”. A homenagem será realizada em março de 2011, durante a sessão solene pelo Dia Internacional da Mulher. FONTE: Agência Contag de Notícias