Em depoimento à PF, ele disse ainda que empresário acusado de ser o responsável pelo esquema comercializava 20 toneladas por semana
ANDRÉA MICHAEL DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
JUCIMARA DE PAUDA DA FOLHA RIBEIRÃO, EM UBERABA
O depoimento à Polícia Federal de um funcionário do galpão, em Uberaba (MG), no qual queijo tipo mussarela vencido era preparado para comercialização, revelou que o empresário acusado de ser responsável pelo esquema vendia 20 toneladas do produto por semana. Os pontos de distribuição se localizavam principalmente em São Paulo, tanto no interior quanto na capital.
O nome do funcionário, que passou a colaborar com a investigação, é mantido sob sigilo. A PF busca o dono do esquema, que deve ser preso.
Conforme o depoimento, o comércio de queijo vencido funcionava havia pelo menos três meses. O produto vencido ou próximo da data de vencimento era adquirido em seis laticínios de Goiás e transportado para o galpão em Uberaba que foi alvo, anteontem, da operação da PF.
No local, foram apreendidas 16 toneladas de queijo. Também foram encontradas, em grande quantidade, embalagens usadas. Três delas estavam com o carimbo de inspeção do Ministério da Agricultura e quatro tinha apenas o selo de inspeção de Goiás.
Três homens foram detidos pela PF para esclarecimento e liberados logo após prestarem depoimento.
Apenas um deles demonstrou ter informações sobre esquema ilegal. Ele disse que cada peça de quatro quilos era vendida por R$ 7,50. Em uma conta rápida, é possível inferir que o empresário faturava cerca de R$ 37,5 mil por semana, uma média de R$ 168,75 mil mensais com a venda do produto.
Em São Paulo, segundo o depoimento do colaborador, a mercadoria era vendida nos municípios de Ribeirão Preto, Presidente Prudente, Guará e Bauru, além da capital paulista.
A PF chegou ao depósito por meio de uma denúncia anônima. O delegado que conduz o caso é Ricardo Ruiz, que na semana passada comandou a Operação Ouro Branco, sobre adulteração de leite.
Descarte
Todo o queijo apreendido será descartado no aterro sanitário da cidade. Inicialmente, a idéia era analisá-lo, detectar o que estava próprio para consumo e doar o alimento.
"Devido ao acondicionamento, havia mofo, embalagens abertas e algumas peças estavam com caco de vidro. Então, a melhor solução é o descarte total", afirmou a zootecnista Marília Penna Maciel, da Vigilância Sanitária de Uberaba.
Os queijos estavam embalados com as marcas Milklac, Lunat, Triângulo Mineiro, Macnata, Lev, Lacto Rei e Milknata -a reportagem localizou uma fábrica com o nome Milklac em Suzano, na Grande São Paulo. A empresa informou que compra leite para a merenda escolar e não produz queijo.
Pela manhã, a vigilância fez blitze em Uberaba em busca de remessas de queijo com as embalagens falsificadas. Os fiscais apreenderam 2.464 quilos em um comércio de frios porque o produto estava sendo comercializado sem nota fiscal. FONTE: Folha de São Paulo ? SP