O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) elevou a estimativa da safra de grãos para 142,6 milhões de toneladas de 2008. O número é 1,5% superior à projeção divulgada em março. Se confirmada a projeção, a safra de 2008 será 7,2% superior ao volume recorde registrado em 2007, de 133,1 milhões de toneladas.
O instituto também conta com um aumento de 3,2% na área plantada de grãos, na comparação com 2007. A revisão para cima da estimativa de safra ocorreu porque o IBGE incluiu um aumento de 12,4% na produção de trigo e de 15,7% na cultura do milho de segunda safra.
No rol dos 25 produtos avaliados pelo IBGE, 19 tiveram variação positiva na estimativa de produção sobre 2007, com destaque para o café em grão (26,3%), feijão de segunda safra (33,3%), milho da segunda safra (15,7%) e trigo (12,4%).
Os destaques negativos ficaram por conta do algodão em caroço (baixa de 3,7%), cebola (retração de 7,6%), feijão de primeira safra (queda de 5,8%), feijão de terceira safra (recuo de 0,4%) e mandioca (baixa de 0,5%).
Preocupação do governo
O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, reconheceu ontem que a alta dos preços dos alimentos preocupa o governo. De acordo com o ministro, ele e a equipe econômica estão empenhados em definir como o Brasil pode contribuir para que não haja aumento de preços. Segundo Stephanes, os produtos mais sensíveis são feijão, arroz, trigo e milho.
- O governo está evidentemente preocupado com isso e já temos feito várias reuniões com o ministro da Fazenda para discutir como o Brasil pode contribuir positivamente - disse Stephanes.
De acordo com o ministro, o Brasil contribui para diminuir o impacto da demanda mundial em decorrência do aumento de produção e exportação de alimentos.
- Estamos sob impacto da demanda mundial, de qualquer forma o Brasil é o país que mais está contribuindo para diminuir esse impacto porque é o país que mais cresce na produção e exportação de alimentos - disse.
Stephanes afirmou ainda que o Brasil prova ao mundo que é auto-suficiente, uma vez que a produção aumenta consideravelmente.
- Fica muito claro que o Brasil consegue produzir para alimentar a população, ser auto-suficiente, consegue produzir excedentes cada vez maiores. É o país que mais cresce na produção de excedentes no mundo, como consegue produzir energia limpa de forma compatível sem interferir na área de alimentos - disse o ministro em resposta às críticas de que a área plantada de cana-de-açúcar para a produção de álcool reduz a produção de alimentos.
O ministro ressaltou ainda que houve recorde na safra, registrando um crescimento de 7,8% em relação à safra anterior, que já tinha também sido um recorde. Segundo ele, isso representa "um crescimento excepcional".
- O que nós podemos dizer. É bom para o produtor. O que nós estamos prevendo, de acordo com as informações, o quadro mundial nesse momento, isso pode ser alterado, é que o grande impacto que nós tínhamos que ter no aumento de preços já se deu este ano - concluiu. - Dificilmente nós teremos novos impactos este ano e talvez um pequeno impacto no próximo ano. Daqui a dois ou três anos, o impacto, efetivamente, até 2015, ainda pode estar por vir.
Segundo afirmou o presidente do Bird (Banco Mundial), Robert Zoellick, ontem, no México, a crise mundial dos alimentos permanecerá até 2015, com altas nos preços dos alimentos, em especial os grãos. FONTE: Jornal do Brasil - 09/05/2008