Pela primeira vez, na história dos 53 anos da CONTAG, é realizado o seu Congresso na lógica de representar tão somente a agricultura familiar, uma vez que não representa mais os assalariados e assalariadas rurais desde 2015. O secretário de Formação e Organização Sindical da CONTAG, Juraci Moreira Souto, diretor responsável pelo texto-base da Organização e Estrutura Sindical, explica que houve avanços no processo de dissociação para uma organização específica de assalariados(as) e agricultura familiar, o qual está consolidado. “Não há mais motivos para ficar avaliando o que está encerrado. Agora, o Congresso traz sugestões e indicações de como vamos conviver com essa realidade nova”, observou.
Para ele, os delegados e delegadas trouxeram grandes contribuições, que renderão orientações para a ação política, formativa e organizativa daqui para frente. Que agricultura familiar a CONTAG representará será decidido no Conselho Deliberativo ampliado, em novembro de 2017. “É uma decisão acertada, pois se trata de um processo complexo. Não podemos fazer qualquer tipo de construção em um sistema tão grande como é o da CONTAG de forma que não se permita uma profunda reflexão e debate. Assim, haverá possibilidade das Federações e dos STTRs aprofundar o debate e a reflexão para decidir com maior possibilidade de acerto”, justificou.
A presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Teutônia e Westphália/RS, Liane Brackmann, acha importante as lideranças pensarem e repensarem a questão da representatividade, daqui para frente, porque muita coisa evoluiu e modificou e agora haverá um tempo maior para definir as diferenças que existem, ver quem representamos e quem será o futuro a ser enquadrado dentro da CONTAG, de movimento sindical e da própria organização.
Foto: Luiz Boaz
Hoje em dia, lembra Liane, em função da desvinculação dos assalariados e assalariadas rurais da CONTAG, não há mais aquele sindicato eclético e foram incluídos os camponeses com a agricultura familiar. “Temos que avaliar bem para não atingir os extremos, quem são os agricultores familiares, como fazer o enquadramento e se chegar a um consenso até o final deste ano. As representações e conselhos precisam ser fortalecidos para nós, embora as divergências, assumirmos essa questão de maneira responsável para que o movimento sindical possa ter um norte em termos de representação e representatividade. Dentro deste contexto, muitos debates enfocarão a questão de módulos, de mais de uma atividade, isto é, hoje existem pessoas que têm dupla atividade. Assim, mais tarde, entrariam outras políticas que vão interagir com a questão do enquadramento”, enfatizou.
A aprovação da emenda aglutinadora, no contexto em que a CONTAG passou a representar exclusivamente a agricultura familiar, na opinião de Fábio Menezes, presidente Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar de Rondônia (FETAGRO), foi uma atitude que reconhece a necessidade de pensar o que de fato a CONTAG quer nos próximos anos. “Tivemos uma estrutura alicerçada na representação sindical de trabalhadores(as) rurais, agricultores(as) familiares e assalariados(as). Agora, se trata de uma estrutura nova e não tem hoje como pensar nos próximos dez, 20 ou 30 anos sem definir, exatamente, qual o público que representamos”, ponderou.
Em decorrência das características do Brasil, continua Fábio, “os desafios são grandes em decorrência de a estrutura fundiária ser muito diferente. O Conselho Deliberativo Ampliado da CONTAG terá o desafio de pensar no sentido de representar o País com todas as suas especificidades sem perder a essência”. Uma entidade que defende os agricultores e agricultoras familiares, entre eles, meeiros, arrendatários, posseiros, proprietários, enfim, que trabalham, muitas vezes, em condições de pobreza. Ao mesmo tempo, existem os bem-sucedidos com propriedades mais organizadas, boa renda, com acesso à tecnologia e crédito. Enfim, o grande desafio é dar conta de toda essa diversidade sem perder a essência que tem a CONTAG, que luta pelo fortalecimento da agricultura, mas que tem um público, majoritariamente, constituído por pequenas propriedades de agricultores(as) com uma renda ainda pequena.
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FONTE: Assessoria de Comunicação 12º CNTTR - Luiz Boaz