"O Movimento Sindical contribuiu para a redemocratização do país, a conquista da liberdade sindical, a inclusão dos trabalhadores rurais no sistema geral da previdência social, a implantação do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), dentre outros", registra o presidente da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais do Maranhão (Fetaema), Chico Sales. Ele foi dirigente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), tendo exercido por dois mandatos a Secretaria de Política Agrária e uma vez a Secretaria de Finanças. Chico Sales afirma que hoje está com mais experiência e determinação para, ao lado de seus(suas) campanheiros(as), coordenar e fazer avançar a luta pela consolidação do Projeto Alternativo de Desenvovimento Rural Sustentável e Solidário, pautado na Reforma Agrária, no reconhecimento e fortalecimento da Agricultura Familiar, como forma de proporcionar qualidade de vida digna no meio rural maranhense. É desses temas que ele nos fala na entrevista a seguir.
Chico Sales você assumiu a presidência da Fetaema, no mesmo período em que Jackson Lago chegou ao Governo do Maranhão, contando com o importante apoio da Fetaema. Essa coincidência favorece ao desenvolvimento de ações conjuntas para o meio rural?Sendo a Fetaema uma entidade sindical/classista, autônoma e participante do Projeto Alternativo de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário, entendeu-se ser importante para o Movimento Sindical apoiar Jackson Lago, por acreditarmos que ele era o melhor para o Maranhão. Sua escolha foi pautada na sua história de luta, seu relacionamento com os movimentos sociais e pelos seus compromissos de tirar o Maranhão do atraso. Com o novo governo temos possibilidades de avançarmos na construção do Projeto Político de Desenvolvimento defendido pela nossa categoria.
Nesse inicio de governo, quais as sinalizações do Jackson Lago ao Movimento Sindical de Trabalhadores(as) Rurais do Maranhão, consideradas positivas?Eu diria que a indicação do deputado estadual e ex-presidente da Fetaema, Domingos Paz para a Secretaria de Estado da Agricultura foi bem significativa. Pela primeira vez se escolhe para o cargo uma pessoa que vem do Movimento de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais, que conhece a realidade do campo, desde o sofrimento às aspirações da sua gente. Além do mais na Seagro está o Iterma, órgão responsável pela a regularização das terras devolutas aos posseiros e agricultores familiares, quilombolas, etc. Também está no Sistema Estadual de Agricultura, o Nepe - que executa os programas Crédito Fundiário como complemento de ações da Reforma Agrária, o Prodim - Programa de Combate a Pobreza Rural e a recém-criada Agência Estadual de Pesquisa Agropecuária, Assistência Técnica e Extensão Rural (Agerp), que terá um papel importante na produção de alimentos no meio rural do Estado.
Quais as estratégias que a Fetaema utilizará para consolidar seus objetivos?A nossa estratégia maior se concentrará na mobilização e pressão, buscando sempre um entendimento com os governos Estadual e Municipal. Vamos exercer a nossa participação nos Conselhos de Desenvolvimento Rural Sustentável, tanto em nível de estado como nos municípios, visando maior controle social das políticas de Desenvolvimento Rural.
Presidente, como você vê os conflitos agrários no Estado e como se pode resolver esses problemas?A Fetaema tem denunciado sistematicamente os graves problemas pela posse da terra, que embora numa dimensão diferente dos anos 80, são cada vez mais crescentes. A expansão dos agronegócios da soja, cana de açúcar e eucalipto tem causado danos irreparáveis ao meio ambiente e problemas sociais como a expulsão de agricultores familiares e a extinção de comunidades rurais tradicionais. Há casos, ainda, de fazendeiros que estão se apropriando indevidamente de terras devolutas e até desapropriadas pelo Incra. Vamos cobrar ao governo Jackson Lago, através da Seagro, adoção de medidas para que o Iterma retome as terras griladas e regularize as terras devolutas do Estado em nome dos trabalhadores rurais, posseiros ou sem-terras. E vamos continuar cobrando do governo federal, através do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e do Incra, agilidade na Reforma Agrária, novas desapropriações por interesse social e a melhoria da infra-estrutura nos atuais assentamentos.
Fonte: Site da Fetaema