Mobilizar os movimentos sociais, sindicais, universidade, igreja e os povos tradicionais da Amazônia numa grande aliança contra os impactos socioambientais da Hidrovia Araguaia-Tocantins nos municípios da região Tocantina, no Pará foi um dos objetivos do Encontro dos Povos das Águas dos Baixos Rios Tocantins que aconteceu no último final de semana, em Cametá/PA, com a presença de representações da Confederação Nacional dos trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (CONTAG), FETAGRI-PA, CUT Nacional e CUT Pará.
Na pauta do Encontro, a posição contrária do movimento sindical e dos povos da região, contra o projeto de derrocamento e dragagem do Rio Tocantins que está sendo levado adiante pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT), pretendendo torná-lo navegável o ano inteiro.
Derrocamento: é a retirada de material do fundo do rio, que não é oriundo de assoreamento, ou seja, o material que compõe naturalmente o leito do rio.
Dragagem: define-se como o serviço de desassoreamento, alargamento, desobstrução, remoção, derrocamento ou escavação de material do fundo de rios, lagoas, mares, baías e canais de acesso a portos.
As organizações sindicais denunciam que o projeto atende principalmente ao transporte do minério extraído pela Vale no Pará, causando vários impactos ambientais e prejudicando os povos tradicionais que vivem na região. Como revela trecho do estudo de impacto ambiental da obra: fica evidente a importância no transporte do minério de ferro, como principal produto movimentado na área de influência total, com participação acima de 70%, cuja demanda se origina do complexo minerário de Carajás.
João de Jesus (João PT), diretor da Federação do Pará, ressaltou no Encontro, a importância do movimento em se contrapor ao discurso do governo federal, em atendimento aos interesses das multinacionais que exploram a Amazônia. Nós, da Transamazônica, somos de uma região de grandes impactos e estamos aqui para combater mais esse desrespeito com o bioma da Amazônia e os povos que nele vivem, disse.
A presidenta da CUT-Pa, Euci Ana da Costa, lembrou da luta histórica do movimento sindical e entidades sociais. Tem várias coisas que nos une. É a luta, a identidade, a territorialidade. Esse Encontro recuperou o que a gente já tem enraizado: nossa resistência na preservação dos recursos naturais e também a nossa organização de base.
Liderança sindical da região, do Pará e do Brasil, a Secretária-Geral da CUT Nacional, Carmen Foro, falou da preservação das vidas que estão ameaçadas por esse e por vários projetos que exploram a Amazônia, em detrimento dos interesses do capital. Na verdade, para além da hidrovia nós estamos pensando na nossa vida futura. Como planejar o desenvolvimento a curto, médio e longo prazo? Não podemos admitir que o capitalismo destrua as nossas vidas. Para mim esse e tantos outro são projetos de morte, de morte da Amazônia e dos seus guardiões e guardiãs! , pontuou.
O representante da CONTAG falou de unidade e resistência. Será a unidade na diversidade que vai nos dar a musculatura e a capacidade de mobilização para gente enfrentar esse governo que aí está e esse Congresso conservador. Nós temos essa capacidade de reinventar nossas ações para mobilizar nossas lutas e organizações, afirmou Carlos Augusto Santos Silva (Guto), secretário de Formação e Organização Sindical da CONTAG.
O Encontro foi organizado pela CUT Brasil, CUT Pará, Fetagri Pará, com o apoio da Solidary Center, entidade sindical de cooperação internacional e em parceria com a Diocese de Cametá, UFPA, UFPA Campus Cametá, Movimento dos Atingidos pelas Barragens (MAB), CPP, UNE, Sintepp, Organizações de Pescadores e Levante da Juventude. FONTE: Comunicação FETAGRI-PA, Lucivaldo Sena