“É fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, de tal forma que, num dado momento, a tua fala seja a tua prática.” (Paulo Freire)
Nos dias 03 a 05 de dezembro de 2024, em Brasília/DF, foi realizada a Oficina Nacional de Aprofundamento Temático e Desenvolvimento Metodológico. Essa atividade foi realizada pela Secretaria de Formação e Organização Sindical da CONTAG, reunindo secretários e secretárias de Formação e Organização Sindical e a Rede de Educadores e Educadoras Populares.
Entre os objetivos da Oficina estavam a discussão sobre a conjuntura e seus impactos e desafios para a construção de estratégias para a formação; balanço das ações formativas do Itinerário da ENFOC 2023/2024; diálogo sobre os desafios da Organização Sindical; compreensão das estratégias dos Fóruns Estaduais de Participação Social; socialização do planejamento das ações formativas previstas para 2025 e o 14º Congresso Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (14º CNTTR), a ser realizado em abril de 2025.
Durante a abertura política da oficina, o secretário de Formação e Organização Sindical da CONTAG, Carlos Augusto (Guto), destacou a importante caminhada realizada a partir do Itinerário Formativo da ENFOC ao longo do ano e os frutos que estão sendo colhidos. “A Escola tem um papel histórico e político nesse percurso do trabalho de base. Todos nós entendemos que precisamos fazer trabalho de base. Nós estamos cumprindo esse papel e fizemos isso com muita qualidade. No próximo ano serão novos desafios, novas tarefas e, sem dúvida, a Escola vai continuar cumprindo o seu papel e reforçar o trabalho de base, junto aos trabalhadores e trabalhadoras rurais agricultores e agricultoras familiares do Brasil e avançarmos na Educação Popular”.
Ainda no primeiro dia, um dos destaques da programação foi a análise de conjuntura trazendo cenários e perspectivas pós-Eleições Municipais/2024 e para as Eleições Gerais/2026 sob a ótica da construção de estratégias para o MSTTR, com Carmen Silva, do SOS Corpo. “A gente está vivendo uma conjuntura muito difícil. Uma conjuntura onde nós dos movimentos sociais e do movimento sindical estamos lutando para não ser ampliada a perda de direitos. Nós estamos lidando com os retrocessos pelas forças da direita e da extrema direita e o resultado eleitoral desse ano falam sobre isso. Além disso, estamos vivendo uma situação econômica mundial bem complexa, além de muitos conflitos armados como o genocídio na Palestina e a Guerra na Ucrânia, que estão indicando o crescimento da extrema direita no mundo”, pontuou Carmen.
A companheira disse que trouxe esses pontos para reflexão para ter esse olhar do grupo sobre alguns retrocessos vivenciados atualmente, mas também reconhecer a nossa potencialidade enquanto movimento sindical, enquanto movimentos sociais. “Para nós, do movimento feminista, que é o movimento que eu integro, o momento é de resistência e estamos jogando força na mobilização social para enfrentar a extrema direita e para garantir nossos direitos”, completou.
Carmen destacou ainda que muito se fala na expressão “voltar às bases” em várias análises de conjuntura. Mas, ao acompanhar esses três dias de trocas na oficina, faz outra reflexão. “Toda vez que a gente debate a conjuntura, muitas organizações, partidos de esquerda, movimentos sociais, movimentos sindicais, colocam sempre essa ideia de que temos que voltar às bases. Mas, o que a gente viu aqui, os educadores e educadoras da ENFOC, na verdade, estão fazendo o trabalho de base. Eles e elas demonstraram aqui, com números, com vídeos e exposições o trabalho que está sendo feito em todos os estados. Tem diferenças? Tem! É uma riqueza e demonstra que a Educação Popular é um caminho possível para fazer esse trabalho local, para organizar a categoria de trabalhadores e trabalhadoras rurais, para impulsionar lutas locais e para que todo mundo se integre nessa visão nacional que o Sistema CONTAG vem construindo. Foi muito bom para mim ver a pujança desse trabalho”, avaliou Carmen Silva.
Essa avaliação da representante do SOS Corpo tem relação, principalmente, com o segundo dia da oficina, que promoveu a Ciranda de Experiências dos Cursos nos estados de Educação Popular e Trabalho de Base, onde os/as participantes mergulharam nos depoimentos, materiais, fotos e vídeos que trouxeram as vivências e riquezas desses processos formativos. Foi um momento de troca e aprendizado materializando a estratégia da multiplicação criativa do Itinerário Formativo, reafirmando que a formação político-sindical segue viva e pulsante nos territórios e comunidades rurais.
VEJA AQUI o vídeo publicado nas redes sociais da CONTAG.
Já o terceiro e último dia da oficina trouxe o debate sobre os Fóruns Estaduais de Participação Social, com a contribuição da companheira Raimunda Oliveira (Mundinha), educadora popular e historiadora. O objetivo desse momento foi compreender as estratégias dos Fóruns Estaduais de Participação Social e articular a participação do MSTTR nesses espaços nos estados.
Na sequência, a Equipe da ENFOC socializou o planejamento das ações formativas previstas para 2025 da Escola Nacional de Formação (ENFOC), estabelecendo, com o grupo, encaminhamentos a partir das estratégias apresentadas até abril de 2025.
A ENFOC continua multiplicando saberes e fortalecendo a Rede de Educadores e Educadoras Populares por todo o Brasil.
ENFOC – Lugar de Transformação Política
VEJA QUI alguns registros da Oficina.
Por Verônica Tozzi - Assessoria de Comunicação da CONTAG, com contribuições de Marleide Rios - Secretaria de Formação e Organização Sindical da CONTAG