Participar do processo eleitoral em 2012 é o próximo desafio do MSTTR do Maranhão. Essa participação tem por objetivo levar a cabo o PADRSS, no cenário onde a política oligárquica se confunde com a violência fundiária, a destruição dos ecossistemas, o trabalho escravo e a injustiça social. Montar um projeto político para o campo também não é tarefa fácil. Significa reafirmar uma ideologia que se contraponha ao projeto hegemônico em curso, onde o espaço para a atuação das lideranças orgânicas dos camponeses ainda é restrito. Significa fazer o equilíbrio entre a tática partidária e os valores mais caros do PADRSS, sem o sacrifício destes últimos. Portanto, a tarefa não se resume apenas em lançar candidaturas de trabalhadores (as) rurais. É necessário indagar se nossas lideranças estão prontas para esse enfrentamento, contra as mazelas do capitalismo e de seus grupos de interesses. Tais candidaturas devem estar em sintonia com um projeto simétrico com programas de partidos nacionais, que também estão representados no Congresso Nacional. De nada adianta elegermos cegamente vereadores para fortalecer a base política de partidos que dão sustentação à bancada ruralista, por exemplo. Por outro lado, a presença do MSTTR nas Câmaras Legislativas não pode ser algo meramente ornamental. Exige intervenções qualificadas, que promovam no âmbito municipal, por exemplo, a desconcentração fundiária, a produção das cooperativas, a proteção dos ecossistemas onde vivem as comunidades tradicionais, a educação no campo e a assistência técnica. Além disso, é preciso compreender o PADRSS como um projeto de poder alternativo, assentado necessariamente na ética política, sob pena de sucumbir ao patrimonialismo reinante. O projeto político do MSTTR é transformar a realidade, modificando suas práticas, inclusive as culturais e simbólicas, que possam representar de alguma forma a continuidade da exclusão política e social. Essa identidade está sendo construída em oposição a tudo o que nega os direitos de trabalhadores (as) rurais, travestido no programa político e econômico das elites brasileiras. Portanto, enfrentar esse programa é urgente e necessário, considerando-se as reivindicações históricas da classe trabalhadora que vive no campo. Se a política que fazemos, na institucionalidade vigente, não for capaz de fazer esse enfrentamento estrutural, não estará a serviço do PADRSS. A menor unidade de poder nessa disputa - o espaço municipal - não quer dizer que seja o menos importante. É a partir dele que se organizam as demais Unidades Federativas, com suas correspondentes instâncias de disputas. Os deputados, os Senadores, o Governador e o Presidente da República são eleito a partir da estruturação de partidos nacionais, assentados primeiramente sobre uma definição de espaço de poder demarcado a partir dos municípios. Nesse sentido, nossos vereadores não podem fazer de conta de que são ilhas, autônomas e isoladas de um sistema partidário mais amplo, a serviço de programas políticos bem definidos, no que se refere ao modo como a sociedade distribui suas riquezas. É assim que, embora divididos em siglas, os adversários de nosso projeto político demonstram unidade suprapartidária quando as votações dizem respeito aos interesses do capital hegemônico. Nesse sentido, antes de adentrarmos à disputa, faz-se necessário escolher o bloco de poder, com o qual caminharemos, a partir de uma visão de coerência sobre o funcionamento da totalidade do sistema. No Maranhão, a exclusão social decorrente do modelo político é quase absoluta. Sob o sistema oligárquico central, funcionam as pequenas oligarquias municipais, reproduzindo antigas práticas políticas coloniais e escravistas. Uma verdadeira rede social sustenta a verticalização do poder, onde as grandes maiorias estão alijadas do acesso a políticas públicas fundamentais e esta exclusão se faz pertinente para a manutenção de um domínio oligárquico ao longo de 50 anos. Ser candidato a vereador contra esse rede não é tarefa fácil, porque ela se impõe com mais agressividade no espaço de disputa do poder local. Derrotar a rede de dominação oligárquica significa fazer da política a utopia concreta dos excluídos no Estado. Projetar lideranças com esse compromisso é o dever de todo movimento social que se proponha crítico dos padrões de dominação aqui existentes. Falar em nome de um projeto como esse - o PADRSS - significa dar visibilidade ao mundo rural, fazendo com que ele se projete para a arena pública, onde se realiza a cidadania. Eleger vereadores comprometidos com essa tarefa significa construir um projeto político específico, abrindo espaço para afirmação do rural como estratégia de desenvolvimento no país. FONTE: Luis Antonio Câmara Pedrosa - Assessor Jurídico da FETAEMA