Os jovens saem do campo em busca de emprego e acesso à melhor educação. Esses são alguns dos motivos que geram o êxodo rural de jovens. Os números mostram ainda que, entre os migrantes, as mulheres são maioria. Esses dados foram apresentados nesta terça-feira (4), segundo dia da 1ª Plenária Nacional da Juventude Rural. O evento ocorre até amanhã (6) em Luziânia, cidade goiana próxima à capital federal.
O pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Fábio Alves, mostrou dados que comprovam o que a população do campo já sabe: as mulheres migram mais que os homens. E isso tem provocado a "masculinização" do campo. Ele apontou alguns fatores que geram a maior migração das jovens. "As mulheres exercem papel auxiliar na divisão do trabalho e são última opção para herdar a propriedade. Por causa disso, elas acabam se envolvendo em projetos desligados da agricultura familiar e acabam indo para as cidades", explicou.
Para a coordenadora da Comissão Nacional de Mulheres Trabalhadoras Rurais da Contag e vice-presidente da CUT, Carmen Foro, a saída das mulheres do campo acontece porque as relações de gênero na agricultura familiar são desiguais. "O trabalho dos homens é mais valorizado do que o das mulheres e a elas é sempre reservado o trabalho dentro de casa", ressaltou.
Pioneira no debate sobre sucessão rural, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag/RS) apresentou o resultado de uma pesquisa de 2005 sobre a questão no estado, especialmente na região do Vale do Taquari. Segundo o levantamento, 32% das famílias entrevistadas não souberam dizer quem continuará a produção na propriedade rural. "Identificamos que as famílias estão com grande dificuldade de preparar sucessores na propriedade", disse o assessor da Coordenação de Jovens e Política Agrícola da Fetag/RS, Giovani Zortea.
O professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Beto Novaes, disse que os jovens buscam melhores condições de vida para a família que fica no campo. "Muitas vezes, esses jovens são responsáveis pela união da família, para que ela possa continuar no campo", disse. À noite, Beto Novaes apresentou um vídeo sobre as condições de trabalho de jovens assalariados rurais.
Programação - Ontem, os cerca de 450 jovens de todo País que participam da Plenária assistiram a painéis e debateram a sucessão rural sob a ótica regional. Também discutiram a importância da juventude no processo de desenvolvimento sustentável e as relações de gênero na agricultura familiar. Hoje (5), os jovens analisarão o papel da organização política da juventude rural e as políticas públicas para a juventude permanecer no campo.
Confira a programação da 1ª Plenária Nacional da Juventude FONTE: Ciléia Pontes, Agência Contag de Notícias.