A 5ª Plenária Nacional de Mulheres Trabalhadoras Rurais, realizada de 29 a 31 de outubro, em Luziânia (GO), foi marcada por fortes debates e integração entre as 600 delegadas que vieram de todo o país. Este espaço, que tem caráter político, avaliativo e propositivo, teve como objetivos analisar o cenário político e a atuação das mulheres, debater e propor estratégicas para avançar na construção de políticas públicas e controle social, analisar o contexto atual do sindicalismo rural e subsidiar a participação das trabalhadoras rurais nas plenárias regionais e estaduais e no 11º CNTTR.
Foram realizados três painéis que debateram a conjuntura e cenários do PADRSS na perspectiva feminista e sindical, políticas públicas para as trabalhadoras rurais e sindicalismo. As delegadas também participaram de trabalho em grupo. Todas as atividades promoveram a discussão de estratégias e contribuíram para qualificar as intervenções das mulheres para o 11º Congresso Nacional da CONTAG. PESQUISA O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) apresentou os resultados da pesquisa realizada na Marcha das Margaridas, em agosto de 2011, quando foram entrevistadas 611 mulheres. O estudo apresenta dados sobre o acesso das mulheres à terra, trabalho doméstico, renda, migração e permanência no campo, chefia de família, violência, segurança pública, dentre outros. 68% das entrevistadas residem no campo, 20% na cidade e 12% possuem residência na área rural e urbana. Quanto à renda declarada, a cada 10 mulheres, uma tem renda domiciliar total abaixo de 1 salário mínimo, cinco têm de 1 a 3 salários mínimos e três acima de 3 salários mínimos. E, nesses casos, o rendimento da mulher representa em média 50% do total. AVALIAÇÃO O trabalho em grupo apontou os principais desafios das mulheres trabalhadoras rurais. Para as delegadas, um dos destaques da trajetória de participação sindical passa pelo reconhecimento de que o movimento sindical tem dois sexos, pela conquista da sindicalização, da aposentadoria e do salário maternidade, dentre outros. Quanto à efetivação das políticas públicas, as trabalhadoras rurais entendem que é fundamental o fortalecimento da luta pela reforma agrária e a efetivação de mecanismos de combate à violência contra as mulheres.
No tema Formação Política e Sindical, consideram o curso da ENFOC um avanço, mas recomendam a sua ampliação nos municípios e comunidades, além da necessidade de formação específica para as mulheres. Sobre a participação política e sindical, uma das reivindicações é assegurar maior inserção das mulheres na política partidária e maior socialização das tarefas domésticas.
Nas relações no MSTTR, as mulheres julgam importante a organização de base, a construção e fortalecimento das parcerias, a criação de comissões de mulheres em todos os STTRs, entre outros. Já na questão da paridade participativa, esta é uma oportunidade para fazer o debate dos desafios internos para construir a democracia e a igualdade. É recomendada a garantia do debate da paridade envolvendo as bases, para assegurar maior mobilização e sensibilização.
A secretária de Mulheres da CONTAG, Carmen Foro, no encerramento da plenária, agradeceu o carinho que tem recebido. “Ficará marcado na minha vida. Quero reafirmar o meu compromisso com a luta das mulheres. Acredito que a Confederação pode dar um bom exemplo nos seus 50 anos aprovando a paridade. Afinal, a entidade é um belo e lindo exemplo de democracia. Quando as mulheres avançam, nenhum homem retrocede!”
DEPOIMENTOS:
“Foi um debate muito bom e expressivo com todas as mulheres aqui reunidas na 5ª Plenária. São culturas diferentes, pudemos ver que umas sofrem mais que as outras. Estamos levando daqui força, coragem, para exercermos nossas atividades nos STTRs e FETAGs. A maior dificuldade que enfrentamos é exercer realmente aquilo que é digno das mulheres.” Tereza Lourenço Matos – Espírito Santo
“Estou gostando bastante da plenária. Estou aprendendo muito. Espero levar coisas boas para o meu município. As mulheres da minha região passam por dificuldades em todos os aspectos, como a violência e a falta de conhecimento.” Marilene Tass Selini – Paraná
“Temos que festejar o que foi cumprido na Marcha das Margaridas, mas também cobrar as reivindicações não atendidas. A expectativa é de fortalecimento da luta das trabalhadoras rurais. Não faremos inclusão social e nem combateremos a miséria se não tivermos uma agricultura familiar forte.” Chica do PT – Bahia. Agricultora familiar, foi dirigente do STTR e está no 2º mandato como prefeita.
“Que a gente consiga, além das propostas que trouxemos dos estados, aprovar as que a CONTAG encaminhou para nós e que consiga melhorar cada vez mais a situação das mulheres.” Zilma Porfírio – Mato Grosso
“Viemos à plenária buscar a realização dos nossos sonhos. A nossa participação é fundamental para que esses desejos sejam realizados. Então, a nossa expectativa é que todas as políticas anunciadas sejam de fato implementadas na base.” Maria Conceição Barbosa da Silva - Tocantins FONTE: Imprensa CONTAG