Com palavras de ordem, marchando sempre em frente e derrubando barreiras, as organizações sociais do campo que lutam pela terra e por um novo modelo de desenvolvimento para o país mostraram sua força, união e organização na manhã do dia 22 de agosto, quando mais de dez mil trabalhadores (as) de todo o Brasil, representando a APIB, CONTAG, CONAQ, CIMI, FETRAF, MPA, MAB, MMC, MST, CPT, CUT, CTB, MCP e outros movimentos sociais, resgataram o espírito do 1º Congresso Camponês (1961) e foram às ruas de Brasília fazer pressão no governo e dialogar com a sociedade sobre o papel estratégico da reforma agrária para o desenvolvimento nacional.
Corajosamente, os manifestantes ocuparam a via em frente ao Palácio do Planalto, mesmo fortemente cercada por policiais, e ergueram barracas de lona preta na Praça dos Três Poderes, com bandeiras das várias organizações e faixas contra o agronegócio e em defesa da reforma agrária. Em Rondônia e no Mato Grosso do Sul também foram realizados atos e trancamento de estradas. “E aí, Dilma, depois dessa, cadê a Reforma Agrária?” cobra Willian Clementino, secretário de Política Agrária da CONTAG.
O Encontro Nacional Unitário dos Trabalhadores (as) e Povos do Campo, das Águas e das Florestas (20 a 22 de agosto) reafirmou a luta destes povos, desencadeando um processo de unidade dos movimentos sociais na luta pela reforma agrária. “Vamos investir para continuarmos marchando juntos, pois demonstramos que, com maturidade, é possível construir a unidade política, para lutarmos contra os nossos inimigos comuns e afirmar nosso projeto de desenvolvimento”, afirma Clementino. PLENÁRIAS DA JUVENTUDE E DE MULHERES Com a força do novo, a juventude debateu seu papel na luta pela terra, afirmando seu protagonismo, coragem e organização. Discutiram também as dificuldades de permanência na terra e a ausência de políticas públicas para os jovens rurais. Já a Plenária das Mulheres focou na luta das mulheres camponesas e suas problemáticas específicas, a violência doméstica e os conflitos do campo. Para elas é preciso reafirmar o protagonismo das mulheres na luta em favor do projeto sustentável de desenvolvimento e contra o patriarcado. DESAFIOSPARAACONTINUIDADE Para a CONTAG é fundamental manter a mobilização unitária e articulada nos Estados, para que o processo continue sendo ampliado e fortalecido, respeitando as diferenças e diversidades de cada local. Só assim, será possível retomar a agenda da reforma agrária e rediscutir o modelo de desenvolvimento rural no governo e na sociedade.
O ENCONTRO UNITÁRIO
Revelando a diversidade dos povos do campo, das águas e das florestas, mais de 10 mil pessoas se reuniram durante dois dias e transformaram Brasília num lugar histórico de encontro entre aqueles que são diversos, mas que têm histórias e objetivos comuns na luta pela liberdade, autonomia e dignidade. Os participantes debateram, refletiram e construíram propostas para um novo modelo de desenvolvimento para o país. Desafiando as diferenças e as poucas condições financeiras, as organizações valeram-se da criatividade e do empenho de dirigentes e da base para realizarem a mobilização de forma autônoma e solidária.
CULTURA
Além dos debates políticos o Encontro Unitário contou com vários momentos culturais, mostrando a diversidade da cultura camponesa em sua música, teatro, artesanato, capoeira e danças indígenas. Os participantes também assistiram à apresentação de uma adaptação da peça teatral Mutirão em Novo Sol, escrita e encenada durante o 1º Congresso Camponês e, em 1962, por um grupo de autores e atores ligados aos Centros Populares de Cultura, entre os quais, Augusto Boal e Nelson Xavier, este último fez um emocionado depoimento durante o Encontro Unitário.
OFICINAS
Os participantes protagonizaram intensos debates sobre as principais temáticas que envolvem o desenvolvimento rural sustentável do país, distribuídos em quatro oficinas: direito e defesa da terra, do território da água e luta pela reforma agrária; agroecologia, sustentabilidade e organização social e produtiva da agricultura familiar e camponesa; educação do campo e políticas públicas para a agricultura familiar e camponesa; e soberania energética.
DECLARAÇÃODOENCONTROUNITÁRIO
A Declaração final do Encontro Unitário destaca a luta por Terra, Território e Dignidade: “Torna-se indispensável um projeto de vida e trabalho para a produção de alimentos saudáveis em escala suficiente para atender as necessidades da sociedade, que respeite a natureza e gere dignidade no campo... Seguiremos em marcha, mobilizados em unidade e luta e, no combate ao nosso inimigo comum, construiremos um País e uma sociedade justa, solidária e sustentável.” (trecho do documento).
ACESSEADECLARAÇÃO DOENCONTROUNITÁRIO
Veja AQUI declaração do Encontro Nacional Unitário dos Trabalhadores (as) e Povos do Campo, das Águas e das Florestas.
Nas redes:
Facebook: www.facebook.com/encontrounitario TWITTER: @unidadenocampo BLOG: encontrounitario.wordpress.com FONTE: Imprensa CONTAG