Como desdobramento do Encontro Unitário ocorrido em agosto, em Brasília, reunindo os principais movimentos sociais do campo, foi criada a Comissão Camponesa da Verdade. Ela visa acompanhar e negociar com a Comissão Nacional da Verdade o resgate da memória e da verdade na história de violações de direitos humanos contra os trabalhadores(as) rurais.
A Comissão Nacional da Verdade tem o papel de apurar graves violações de direitos humanos praticadas no Brasil de 1946 e 1988, o que inclui a ditadura militar (1964-1985). No campo, a violência foi cometida por agentes públicos e privados, que contaram com o apoio ou omissão e conivência dos órgãos do Estado, para garantirem os interesses dos latifundiários e a implantação de grandes projetos.
São muitas histórias que permanecem no anonimato, que foram ignoradas pelos documentos oficiais e que precisam ser resgatadas para trazer à tona a verdade e memória de milhares de camponeses. Por isso, é fundamental que o MSTTR se informe e se mobilize, especialmente na indicação de casos ocorridos nos estados e municípios, assegurando a justiça e dignidade no campo.
Persiste no campo a violência, o sentimento de insegurança e de impunidade. “O Estado, por ação, omissão ou garantia da impunidade dos culpados, ainda age contra os povos mais vulneráveis e lideranças, desabafa o secretário de Política Agrária da CONTAG, Willian Clementino. Um dos casos de maior relevância foi o assassinato do casal de extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo, do Projeto de Assentamento Agroextrativista Praia Alta Piranheira, em Nova Ipixuna (PA). A suspeita é de execução por madeireiros da região. Outro exemplo foi a prisão do presidente do STTR de Vilhena/ Chupinguaia, Udo Wahlbrink, em março de 2012 por conta de conflito agrário. O sindicalista foi solto 8 meses depois com o deferimento do habeas corpus.
Tão importante como recontar a verdadeira história de violações cometidas contra famílias, pessoas e organizações camponesas no passado, é relacionar os fatos com a violência que ainda impera no campo, consequência do modelo de desenvolvimento priorizado pelo Estado, e indicar medidas que acabem com ela. Neste sentido, é fundamental reforçar o trabalho da Comissão Camponesa, assegurando capacidade de incidir nos resultados da Comissão Nacional constituída pelo governo. FONTE: Imprensa CONTAG