Na tarde do primeiro dia da Oficina Nacional de Capacitação sobre o enfrentamento à violência contra as mulheres do campo e da floresta, foram convidadas duas dirigentes para comporem uma mesa redonda. Carmen Foro, vice-presidente da CUT Nacional, e Soninha, da Marcha Mundial das Mulheres, fizeram uma grande contextualização sobre a situação da violência contra as mulheres no Brasil e quais as perspectivas e desafios da movimento sindical para o combate dessa violência. Abrindo o debate, Soninha abordou as bases da violência sexista. A principal delas, segundo a dirigente, é o patriarcado. “A violência sexista é estrutural e afeta a todas as mulheres. Esta violência é a ferramenta do patriarcado para manter as mulheres subordinadas”, afirmou Soninha, que também levou dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) para lembrar os problemas de estrutura no atendimento das mulheres, principalmente em pequenos municípios, além de aspectos culturais que muitas vezes levam as mulheres a desistir de denunciar seus agressores. Situações como essas, como lembra Soninha, mostram como é importante o fortalecimento do trabalho dos movimentos sociais e a continuação da luta pelo fim da violência e pela igualdade. Aproveitando essa abordagem, Carmen Foro lembrou que o MSTTR deve olhar não só para os desafios externos, mas também para os internos, onde ainda se vê muita discriminação contra as mulheres dentro do Movimento. Outra questão apontada por ela é a necessidade de integrar as demais políticas públicas para as mulheres rurais no combate à violência, e esse trabalho começa na construção da pauta de reivindicações. “Nossa pauta é a experiência viva de que conseguimos pautar questões importantes e construir caminhos”, lembra Carmen. Ao longo da conversa, outras questões foram levantadas pelas convidadas, como os diversos tipos de violência além da agressão física, a exemplo da agressão moral e até mesmo patrimonial, que visa atingir as mulheres, e as falhas nos instrumentos voltados para o combate à violência, entre outros assuntos ligados ao tema. Após essa participação, a programação seguiu com a apresentação do Programa Viver sem Violência, promovido pela Secretaria de Política para Mulheres da Presidência da República (SPM/PR), seguido de um debate sobre o programa. FONTE: Imprensa CONTAG - Gabriella Avila