Enquanto o governo comemorava ontem o superpacote como medida definitiva, representantes de produtores consideravam insuficiente a iniciativa e cobravam investimentos em outras áreas.
Para o presidente da CNA (Confederação Nacional da Agricultura), Fábio Meirelles, as medidas "não são suficientes, mas representam um grande avanço". "Com a renegociação, o governo está tirando a carga negativa das costas dele, mas o prejuízo lá atrás foi muito maior, milhares de famílias perderam tudo e não conseguem mais produzir", disse.
Para Meirelles, o pacote de auxílio aos produtores endividados é necessário, mesmo diante dos altos preços das commodities no mercado internacional, que geram ganhos melhores ao produtor. O alívio financeiro vai representar um número maior de produtores no campo. "Tudo o que governo fizer hoje para manter o homem no campo atende a política econômica e social."
Para ele, o governo também precisa fazer investimentos em regiões com forte potencial agrícola para alavancar as lavouras, em vez de concentrar ações apenas no refinanciamento de dívidas.
O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, por outro lado, espera encerrar a era de sucessivas renegociações de dívidas do setor. "Espero, com essa reestruturação, que não tenhamos que fazer novas discussões sobre esse assunto."
Segundo ele, foram dez meses de debate para encontrar "soluções técnicas para evitar que a cada ano, o governo volte a discutir o problema". Orgulhoso do resultado, evitou tratar o caso publicamente como uma vitória política sua, dado o fracasso de seus antecessores.
Segundo o presidente da Famato (Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso), Rui Prado, falta ao governo investimento na infra-estrutura de transporte para o escoamento da safra. Ele também criticou a demora do governo em anunciar o pacote, que deveria ter saído "há pelo menos três anos". FONTE: Folha de São Paulo - 28/05/2008