Como foi a campanha? Qual a experiência que ficou? A campanha foi muito boa. Começou com certa timidez, o que é comum, uma vez que estávamos começando o processo pela primeira vez. Mas o que eu considero mais importante nessa campanha é que ela foi sempre crescente, foi sempre se acumulando, em termos de número, de qualidade, de superação. A experiência que eu vivi é que, na verdade, nós, lideranças sindicais, estamos no caminho certo de aprendizado no campo da política partidária. Nós temos de ter o pé no chão, compreender que somos amadores nesse processo. Eu compreendo também que a campanha nos mostrou que, se a gente fizer um trabalho sempre com o pé no chão, com muita clareza das nossas limitações, mas também certos das nossas potencialidades, e articular com os aliados, além do movimento sindical, podemos avançar e ter sucesso. Em quais eixos o mandato do senhor será orientado? Como vai ser sua atuação na Assembleia Legislativa? O eixo principal serão os problemas do campo. No que diz respeito às questões da agricultura familiar, as áreas do crédito, da assistência técnica, do acesso à terra e as questões da reforma agrária serão sem dúvida um dos focos, na busca da sua consolidação. Também concentrarei o trabalho no avanço das políticas públicas nas áreas da educação, da saúde e do desenvolvimento para o setor agrícola. Outro aspecto que também é foco do nosso trabalho são as reivindicações dos parceiros, aliados que não são diretamente representantes dos trabalhadores, mas que prestam serviços relevantes para o desenvolvimento da nossa região no que diz respeito à organização do cooperativismo, do fortalecimento das organizações não governamentais, em um processo de vinculação permanente com as comunidades tradicionais indígenas e quilombolas. Outra dimensão é a relação com as pessoas do setor urbano, as comunidades da periferia que, muitas vezes, não têm representação nem defesa, mas têm relação significativa com as pessoas que investem e ajudam a construir o desenvolvimento na cidade, sobretudo o setor de comércio, e todas aquelas pessoas que estão no dia a dia. Isso envolve oportunidades que incluem não só interesses do investidor, mas também traz oportunidades para as pessoas que estão incluídas nesses empreendimentos. Estamos certos de que nosso trabalho tem de ter essa dimensão, não focada apenas nas questões do campo, não focada apenas no movimento sindical, mas com uma parceria ampla e essa ponte também com setores urbanos, levando em consideração as comunidades mais carentes e articulando o setor investidor, que ajuda a promover o desenvolvimento. Como estão os trabalhos para o segundo turno? Precisamos reanimar todas as nossas forças, colocar nossa militância para fazer a campanha do segundo turno da Dilma. É um dos desafios que nós temos, depois que nem todos os candidatos, sobretudo os que não ganharam, não vão fazer campanha. Boa parte das pessoas e das instituições envolvidas não estão com o mesmo gás, a mesma força, o mesmo empenho porque é uma eleição praticamente isolada no que diz respeito à campanha, mas é preciso que haja essa compreensão e a compreensão de que é uma campanha inteiramente focada em tudo o que aconteceu no primeiro turno, porque nossa vitória só se completa, mesmo para os que foram eleitos, com a vitória de Dilma. Se Dilma não se eleger, todas as outras vitórias que nós tivemos estarão comprometidas, porque nós teremos um quadro conjuntural, político e social inteiramente diferente e, com certeza, com muito maior dificuldade para nós e para nosso povo se o vitorioso nesse segundo turno for o Serra. Nós temos certeza de que vamos precisar somar cada vez mais forças, há possibilidade real da eleição da Dilma, vamos brigar por isso, mas é preciso que todo mundo veja assim, atue assim, porque a eleição não está definida ainda. FONTE: Entrevista Jornal da Contag