A realidade da juventude rural da América Latina foi debatida no período de 29 a 31 de outubro, em Brasília, no Seminário Internacional da Juventude Rural pela Reforma Agrária e Crédito Fundiário. A atividade reuniu lideranças rurais jovens da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Equador, Nicarágua, Paraguai, Peru e Uruguai e teve como objetivo criar um espaço de articulação para formular análises críticas sobre as políticas de juventude, de integração e cooperação desenvolvidos pelos governos no âmbito rural.
O resultado de todo esse debate foi a construção de uma carta política com proposição de políticas estruturantes para o fortalecimento da agricultura familiar, campesina e indígena nos países latinos. Este documento foi entregue aos representantes do governo brasileiro e será encaminhado aos governantes dos outros países.
A carta traz quatro propostas centrais, que são: direito à terra; direito à educação pública, gratuita e de qualidade; direito ao trabalho decente; e direito da juventude de vivenciar sua condição juvenil no campo, com cultura, esporte, lazer, tecnologias da informação e comunicação, participação social e política de maneira autônoma e protagonista.
Depois de receber a carta, a secretária nacional da Juventude, Severine Macedo, reafirmou o compromisso do governo federal no avanço da agenda da juventude rural, principalmente após a aprovação do Estatuto da Juventude. “Queremos lançar, ainda nesse ano, o Política Nacional de Juventude Rural, e executar de maneira articulada nos territórios as ações na área do crédito, da assistência técnica, da formação e viabilizando pontos de cultura dentro do espaço rural.”
Adriana do Nascimento, secretária de Jovens da FETAPE, avaliou que a realidade da juventude brasileira não está tão distante da realidade da juventude dos outros países latinos. “Travamos as mesmas lutas em prol do acesso à terra e da permanência no campo, mas com qualidade de vida e de trabalho”.
“Na Argentina, não existem políticas voltadas para a agricultura familiar e campesina, tampouco para a juventude rural”, denunciou Evangelina Codoni, da Federação Agrária Argentina. Neste sentido, avaliou positivamente esse intercâmbio para conhecer as experiências dos outros países. AVALIAÇÃO – O seminário foi coordenado pelas Secretarias de Jovens Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais, de Política Agrária e pela Vice-Presidência e Secretaria de Relações Internacionais da CONTAG. Para Mazé Morais, secretária de Jovens, estes três dias foram muito importantes. “Conseguimos conhecer a realidade da juventude rural dos países aqui presentes. Nós debatemos e fizemos proposições ao governo brasileiro e aos outros governos latinos. Agora, esperamos que os governantes olhem com carinho e atendam as nossas reivindicações.”
Zenildo Pereira Xavier, secretário de Política Agrária, afirmou que o objetivo foi alcançado. “Conseguimos definir alguns encaminhamentos e proposições para o ano de 2014. Hoje, a principal demanda da juventude brasileira e dos outros países latino-americanos é o acesso à terra. Além disso, também somos contra o avanço do agronegócio, que expulsa, cada vez mais, os jovens do campo.”
Por fim, Willian Clementino, vicepresidente e secretário de Relações Internacionais, disse que “faz-se necessário discutir em toda a região latino-americana o papel da juventude e o papel do acesso à terra para que a sucessão rural aconteça de fato na agricultura familiar, nas comunidades indígenas e quilombolas.” FONTE: Imprensa CONTAG