Um importante intercâmbio está acontecendo nos últimos dias nos Estados Unidos envolvendo sindicalistas norte-americanos e de vários países, acadêmicos, grupos de jovens e elaboradores de políticas públicas que trabalham com questões de gênero. O Programa de Intercâmbio “O Empoderamento das Mulheres & O Combate à Violência baseada no Gênero” é realizado pela Solidarity Center, AFL-CIO, no período de 19 a 31 de outubro. Paralelo às atividades do intercâmbio, todos e todas também participam das atividades do Congresso da 28º AFL-CIO de 2017.
O Brasil está sendo representado por 10 lideranças sindicais mulheres, de Sindicatos, Federações, Confederações e centrais sindicais. A CONTAG está nesta lista, sendo representada pela secretária de Mulheres, Mazé Morais.
A programação é bem intensa, com muitas oficinas, conferências, simpósios, visitas técnicas, entre outras. Algumas das principais atividades são: Simpósio Global Sindical; Conferência sobre Diversidade e Inclusão; participação em ações globais de solidariedade com sindicalistas. Houve, logo nos primeiros dias, o Encontro com mulheres ativistas da coalizão Black Lives Matter (Vidas negras são importantes) e com outras organizações sobre as questões sobre policiamento que estão sendo protestadas e como as mulheres em particular foram afetadas e qual papel estão tendo na ajuda para encontrar soluções em suas comunidades.
Também estão sendo realizadas discussões sobre a história e os direitos das mulheres, violência de gênero, organização do trabalho, o acordo de comércio livre dos EUA e seu impacto sobre as populações vulneráveis, direitos dos migrantes na indústria da construção, organização de saúde e segurança na China, entre outros temas.
Mazé Morais participou, ainda, de algumas oficinas. Entre elas: Crescimento das Estratégias: Organizando-se fora do padrão (conexões urbanas e rurais e organização das comunidades inter-religiosas); Estratégias para uma inclusão total em nossas organizações; Estratégias estaduais e municipais para a construção do poder.
No período de 26 a 31 de outubro, o intercâmbio terá continuidade em Atlanta, no estado da Geórgia, com o Projeto de Empoderamento e Mesa Redonda de Mulheres Negras 2017 “Saudável, Rica e Inteligente”, promovendo e advogando em favor de esforços intencionais incluindo o desenvolvimento do programa, financiamento, recrutamento, prática administrativa e o estado de direito para assegurar a igualdade genuína, especialmente às mulheres, comunidades de cor, comunidades de baixa renda e outras que têm sido tradicionalmente marginalizadas da arena política.
Algumas visitas técnicas serão realizadas ao Centro Martin Luther King, ao Museu de Direitos Humanos e Civis, ao campus da Faculdade Spelman, entre outros locais.
Portanto, a avaliação de Mazé Morais é de uma grande oportunidade de conhecer a realidade de mulheres de outros países, as políticas públicas específicas para esse público e as dificuldades existentes. “O que estamos percebendo aqui é que, apesar de os Estados Unidos serem um País de primeiro mundo, ainda existe muita discriminação, preconceito, violência com as mulheres, com os negros e a juventude. No Quênia, que é outro país presente no intercâmbio, tem certo atraso em várias políticas públicas, como é o caso da licença maternidade, por exemplo, que lá o período é inferior em relação a vários países, ou seja, apesar das dificuldades que estamos enfrentando no Brasil, nós temos mais políticas direcionadas às mulheres do que em outros países”, avalia a dirigente.
Mesmo tendo países em situação pior à realidade brasileira, a secretária de Mulheres da CONTAG não deixa de denunciar os retrocessos implementados pelo governo ilegítimo de Michel Temer. “Tive a oportunidade de colocar para as companheiras que nós vínhamos numa crescente de conquistas e avanços, mas que agora, com este governo ilegítimo, estamos retroagindo e perdendo tudo o que conquistamos nos últimos anos”.
Mazé ressalta a grandiosidade do evento e da importância de ter sido escolhida para representar as mulheres trabalhadoras rurais agricultoras familiares do Brasil. “É um grande evento, com muitos debates com aprovação de resoluções importantes. Está sendo uma experiência incrível, uma excelente troca de experiências. Para mim, uma trabalhadora rural, é uma honra, um privilégio estar nesse espaço, nesse intercâmbio com mulheres americanas e de outros países, e saber que as dificuldades que enfrentamos no Brasil se estende a todos. Uma coisa que está sendo forte aqui é a solidariedade, que é preciso fortalecer uma luta global de resistência às forças conservadoras e retrógradas”, destaca.
Algumas das resoluções aprovadas no Congresso da AFL-CIO são: Reviver nossas comunidades e colocar milhões para trabalhar reconstruindo o país; Encorajar os membros da União a concorrer a cargos públicos; Inclusão e Equidade: Garantir Equidade e Inclusão Interna e Externa; Combate Juntos para Trabalhadores na Manufatura; A crise humanitária em Porto Rico e a necessidade de ação federal imediata; entre outras.
Sobre Solidarity Center
O Centro de Solidariedade capacita homens e mulheres em todo o mundo para ganhar meios de subsistência seguros e dignos, exercer seus direitos trabalhistas fundamentais e ter voz na definição de condições de trabalho e políticas públicas que afetam suas vidas. Os trabalhadores conseguem isso organizando e se unindo aos sindicatos, através dos quais eles são capazes de negociar melhorias coletivas, bem como construir e equilibrar o poder no local de trabalho e dentro da economia global. O Centro de Solidariedade projeta e facilita intercâmbios educacionais internacionais para líderes sindicais e ativistas de todo o mundo.
Por mais de 20 anos, o Programa de Intercâmbio do Centro de Solidariedade (EP) ajudou a promover a missão de auxiliar sindicatos e grupos comunitários na organização e capacitação de alguns dos trabalhadores mais vulneráveis, como migrantes, mulheres, jovens trabalhadores, trabalhadores domésticos e minorias. Esses trabalhadores, apesar de constituir a maioria da força de trabalho em algumas partes do mundo, são os mais propensos a serem explorados, marginalizados e forçados a trabalhar no setor informal sem a proteção das leis e padrões trabalhistas. FONTE: Assessoria de Comunicação da CONTAG - Verônica Tozzi