Num dos dias mais ricos do 3º Enafor, ontem (28 de setembro) aconteceram os intercâmbios de experiências, quando foram partilhadas vivências, jeitos, estratégias e caminhos que vão ajudar a fortalecer a prática sindical, articulada ao Projeto Alternativo de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário – PADRSS. Os intercâmbios revisitaram as experiências a partir de mosaicos apresentados no palco principal do evento. Cada um deles contava a história e jeito de fazer e as perspectivas de cada grupo sobre o futuro da formação no Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais – MSTTR. Os primeiros a se apresentar mostraram como acontecem os Grupos de Estudos Sindicais – GES em todo o país. Com muitas palmas, aplausos e palavras de ordem eles deram seu recado: “Mostramos em nosso painel que o GES é uma obra aberta, que convida a inovar, a transformar”. Em seguida, ainda sobre o GES um segundo mosaico destacou: “Estávamos acorrentados à nossa individualidade. A Enfoc chega para nos libertar para o comunitário. Agora, pensamos como coletivo, traçamos nossas pegadas e colhemos nossos frutos, sempre pautados no PADRSS”. Encerrando o intercâmbio sobre os Grupos de Estudos Sindicais, os depoimentos foram claros: “Tudo começa pelo GES e nos leva à Enfoc. O GES atua na formação do sujeito e na sua qualificação. Ele nasce das rodas coletivas, em cada Estado e expressam o campo e o respeito à diversidade”. Falando sobre o Programa Jovem Saber, o quarto grupo narrou suas experiências: “Nos vimos no Programa Jovem Saber. Avançamos nas cooperativas de produção e comercialização através do programa, que transformou a vida de milhares de trabalhadores e trabalhadoras rurais com empoderamento, formando novas lideranças sindicais”. O Programa Jovem Saber também foi tema do quinto grupo: “Através do Programa Jovem Saber adquirimos respeito junto à comunidade e entendemos a importância de nossa permanência no campo. O programa é uma conquista da juventude rural e uma ferramenta de combate ao êxodo rural”. O mural sobre negociação coletiva tratou da experiência com assalariados e assalariadas rurais: “Discutimos os cursos de negociação salarial em todo o país e sua importância para os trabalhadores e trabalhadoras rurais. Antes dos cursos não sabíamos sequer como negociar com os patrões”. O grupo Educação do Campo e Programa Nacional de Educação Rural – Pronera apresentou como estas experiências se realizam: “Analisamos nossos desafios, dificuldades, obstáculos e estratégias de superação. Também vimos como as práticas formativas dialogam e podem contribuir com nosso processo formativo. Daí, concluímos que só é possível construir a Educação do Campo conhecendo e respeitando os sujeitos e saberes - sabores, coletivamente, através de uma educação para todos e todas do campo brasileiro”. Ainda sobre o tema Educação do Campo e Pronera, outro grupo fez sua análise: “Temos como um de nossos maiores desafios o reconhecimento de outras instituições e da sociedade brasileira aos cursos de educação do campo. A educação para nós é a árvore que nos dá muitos frutos e uma rede que entrelaça a todos. Hoje, percebemos a importância tanto da enxada, quanto da caneta. O conhecimento nos liberta das correntes da ignorância”. Citando nominalmente uma a uma todas as cooperativas, o nono grupo resumiu sua vivência sobre Economia Solidária e Cooperativas do Sistema Contag com palavras de ordem: “Esse é o caminho a seguir. Vem conosco!”, convidando o público presente a cantar: “Essa ciranda não é minha, não. Ela é de todos nós”. As questões relacionadas ao sujeito do campo e à reforma agrária foram mostradas no grupo sobre Organização Social e/ou Produtiva de Projetos de Assentamento de Reforma Agrária: “Representamos cinco regiões, com olhar e pensamentos diferentes, além de uma forma diversa de pensar a sustentabilidade da produção. Mas, em comum o fato de que entendemos que a reforma agrária é a principal bandeira de luta do MSTTR. Porque sem terra não há produção. Terra é vida. Reforma Agrária, já!”. O 11º grupo surpreendeu a todos, apresentando um painel vazio: “Até a metade do dia nosso painel estava assim, sem nada”. Logo depois, mostraram a outra face do mosaico que, segundo eles, fora construído aos poucos, com amor e força, na outra parte do tempo: “Uma certeza nós agora temos, a de que nosso Programa Nacional de Formação e Estudos Sindicais (PNFES) tem contribuído com a produção de novas lideranças e que devemos valorizar nosso movimento sindical, nossa Enfoc e o nosso PNFES”. Finalizando as apresentações, o 12º grupo relatou a vivência com o Projeto de Formação de Multiplicadoras (es) em Gênero, Saúde e Direitos Sexuais e Reprodutivos: “Os multiplicadores nos fizeram ver nossos direitos no acesso à saúde, independentemente de cor, raça ou religião. Caminhamos e pudemos consolidar políticas públicas de saúde para o campo. Precisamos muito protagonizar essa história, dando continuidade ao processo de superação dos desafios que dependem de nossa força e coragem. Assim, teremos soberania e qualidade de vida”. No início da tarde aconteceu um painel coordenado pela secretária de Jovens da Contag, Elenice Anastácio sobre Campo, Sujeito, Identidade e Ações Afirmativas, apresentado por Socorro Silva, da Universidade Federal de Campina Grande – UFCG e Joana Santos, do Núcleo de Estudos Negros – NEN. Socorro Silva abriu os debates, falando sobre o campo como espaço socialmente construído, as características dos modelos hegemônico (agronegócio, patronal, comercial) e da agricultura familiar (abrigo, sobrevivência, identidade), a constituição da identidade camponesa, o debate contemporâneo “do” e “sobre” o rural, a multiterritorialidade contemporânea, o processo da (re)territorialização, o conceito de identidade, identidades (atribuídas e auto-atribuídas) e identidade coletiva. Em seguida, Joana Célia dos Passos levantou questões como: “Quem são os homens e mulheres que vivem no campo? A que grupos étnicos-raciais pertencem? Que trajetórias de igualdades ou desigualdades possuem?”, para logo depois falar de conceitos como ações afirmativas, cotas e fazer uma análise histórica do racismo, desigualdades sociais e os movimentos sociais, encerrando com mais um questionamento: “É possível viver plenamente a condição humana e tecer novas sociabilidades sem reconhecimento dos pertencimentos étnicoraciais, de gênero, geracionais, sexuais e de classe? Ao término das atividades do dia, grupos regionais se apresentaram na Noite Cultural, garantindo a animação do Enafor. O 3º ENAFOR é uma iniciativa da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura – CONTAG, Federações de Trabalhadores na Agricultura – FETAGs, Sindicatos de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais – STTRs e apoio de várias organizações parceiras que atuam no campo, tendo por objetivo refletir sobre a contribuição da formação para o fortalecimento da luta dos trabalhadores rurais, suas organizações sindicais e para a superação dos desafios da classe trabalhadora na atualidade. FONTE: Assessoria de Comunicação - Contag