Durante a celebração de um ano de morte do deputado estadual Manoel Santos e do ato de inauguração do Instituto que leva seu nome, na manhã de ontem (19), em frente à sede da Fetape, no Recife, um sentimento era comum entre os presentes: a certeza de que a memória do primeiro agricultor familiar a assumir um assento na Assembleia Legislativa de Pernambuco não será esquecida, pois estará para sempre no seu legado, assumido pelo Movimento Sindical Rural do estado.
Esse sentimento esteve presente, sobretudo, nas falas de quem conviveu de perto com o sertanejo de Serra Talhada, a exemplo do presidente da Fetape, Doriel Barros: “Nós consideramos Manoel Santos a maior liderança sindical rural de Pernambuco e deste país. Seus ensinamentos, o seu compromisso e tudo o que ele fez, jamais a Fetape e os trabalhadores rurais poderiam deixar morrer. Por isso, entendemos que era necessário, hoje, não apenas realizar uma celebração, mas fazermos o lançamento de um Instituto que levará o seu nome, e que terá a responsabilidade de manter sua trajetória e seus ideais vivos, para que jamais possamos perder aquilo que aprendemos com ele e que é essencial para o Movimento Sindical Rural: humildade, compromisso e coragem”, concluiu.
A cerimônia contou com a presença de dirigentes sindicais rurais de todo o estado e de outros cantos do País, além de representantes dos movimentos sociais, Organizações Não Governamentais, prefeitos e um conjunto de instituições parceiras.
Na opinião da deputada estadual Tereza Leitão, durante sua passagem pela Assembleia Legislativa, ficava clara a respeitabilidade que os deputados e o governo tinham com Manoel. “Ninguém queria ofendê-lo; ninguém queria brigar com Manoel, porque sabia que ia receber em troca uma palavra firme e determinada, mas uma palavra de amor, uma palavra humanizada. Manoel nutria uma paciência de quem planta para colher. Uma convicção de quem planta na adversidade. Uma determinação de quem sabe que tem que plantar uma vez e, talvez, não colher, mas plantar novamente para esperar a colheita”, falou emocionada.
“Manoel Santos, com sua característica de um bom negociador, com muita paciência, foi um companheiro que sempre esteve lado, tendo a noção clara do que ele queria construir com seus companheiros e companheiras. Dentre as frases dele, tem uma que quero destacar para este momento: ‘não importam as dificuldades que nós estamos enfrentando, o importante é termos a clareza de que estamos no rumo certo’”, relembra o secretário de Finanças e Administração da Contag, Aristides Santos.
Para marcar o Ato de Inauguração da sede do Instituto Manoel Santos foi plantado um pé de mandacaru, um dos símbolos da resistência dos sertanejos. O espaço abrigará uma exposição permanente de seus objetos. “Esse instituto precisar ser o testemunho do que foi o processo de vida e de ensinamento de Manoel Santos. Que ele consiga cumprir o papel de ser luz no momento político tão difícil em que estamos passando. Precisamos, cada vez mais, estarmos juntos, estarmos unidos e estarmos de um lado, que é o lado dos oprimidos, que é o lado da classe trabalhadora do campo e da cidade. Firmeza, sempre! Avante, sempre!, declarou a educadora popular e viúva de Manoel, Socorro Silva.
Para o presidente da Confederação Nacional da Agricultura (Contag), Alberto Broch, Manoel faz muita falta, principalmente no momento atual, tanto para a vida nacional, quanto para a Contag. Issp porque a palavra dele era fundamental. “Ele, na sua grande sabedoria, nos dava uma palavra de ânimo, de como deveríamos nos comportar em momentos como esses”, lamentou.
“O legado de meu pai está se perpetuando, por meio dessa iniciativa assumida pelo Movimento Sindical dos Trabalhadores Rurais, representado pela Fetape. Nós, como filhos, temos um compromisso com esse legado, o compromisso de mantermos os seus ideais vivos. Acredito que a criação desse Instituto servirá para que a memória do nosso pai não apenas esteja nos objetos, nem nos papéis, mas continue viva e ativa, por meio das ações do Instituto”, afirmou André Santos.
O Instituto Manoel Santos tem a missão de contribuir com o desenvolvimento rural sustentável e solidário do campo e da cidade, com um olhar especial para as populações excluídas, por meio da formação, do apoio e da proposição de políticas públicas e sociais, que possibilitem qualidade de vida, geração e distribuição de oportunidades e ampliação do exercício de cidadania, numa perspectiva de equidade e justiça social.
Assembleia de Fundação - Em assembleia ordinária, realizada no dia 7 de abril, formada por representantes do Movimento Sindical Rural das três regiões do estado, de movimentos sociais e instituições parceiras, foi aprovado, por unanimidade, o Estatuto Social do IMS. O dia não foi escolhido por acaso. Se vivo estivesse, o ex-deputado estadual completaria, naquele dia, 64 anos.
Manoel José dos Santos, presidiu a Fetape e a Contag, tendo sido também o primeiro agricultor familiar a ocupar um assento na Assembleia Legislativa de Pernambuco, por dois mandatos consecutivos.
FONTE: Assessoria de Comunicação da FETAPE - Ronaldo Patrício