As ruas do centro de Maceió foram tomadas nesta quarta-feira por centenas de trabalhadores rurais vindos dos 102 municípios alagoanos para participar do 12º Grito da Terra Alagoas (GTA). O ato público, que teve concentração no estacionamento do bairro de Jaraguá, segundo estimativas da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado de Alagoas (Fetag-AL) reuniu mais de cinco mil participantes.
Em caminhada, os trabalhadores percorreram a Avenida da Paz e a Rua do Sol em direção ao palácio/museu República dos Palmares, onde uma comissão foi recebida pelo vice-governador Luciano Barbosa. Convocado pela Presidência da República para uma reunião em Brasília, o governador Renan Filho não pode estar presente a reunião. “Mostramos a sociedade a força de mobilização dos trabalhadores do campo em busca de melhores condições de vida. Nossa luta é para podermos continuar no campo, produzindo alimentos com qualidade. Fizemos um trabalho de base e conseguimos trazer representantes do movimento sindical de todos os municípios alagoanos, apresentando uma pauta completa para o campo”, declarou o presidente da Fetag-AL, Genivaldo Oliveira.
Na pauta de reivindicação entregue, negociada pelo governador em exercício e demais secretários de governo, está melhoria da assistência técnica, políticas de convivência com o semiárido, organização e comercialização da produção, criação da lei estadual do ATER, ampliação e consolidação da regularização fundiária, estruturação física e técnica do Iteral e UTE, além do fortalecimento do programa Amigo Trabalhador, garantia da manutenção do emprego para os assalariados rurais, entre outras reivindicações. “Foi uma reunião de trabalho produtiva, onde foram levantados questionamentos importantes para os trabalhadores rurais. Muitos itens já estão sendo executados pelo governo e alguns precisam de uma análise mais ampla. Temos apenas quatro meses de governo. Os desafios de Alagoas são grandes, mas precisamos unir forças para fazermos o máximo com o que temos disponível. Não há como desenvolver a economia de Alagoas sem desenvolver uma política justa para o campo”, afirmou o governador em exercício.
Após escutar as demandas dos trabalhadores, Luciano Barbosa determinou que todas as respostas a cada um dos itens apontados na pauta do Grito da Terra Alagoas sejam dadas, de forma oficial e devidamente documentada, no próximo dia 29, durante a realização a ação do governo no interior, que será realizada na cidade de Arapiraca. “É preciso que o governo avalie e discuta cada um dos pontos para que depois prometa algo que não vai poder cumprir. Manteremos um diálogo permanente com os trabalhadores”, reforçou Barbosa.
Mais de 100 mil trabalhadores participaram de atos públicos no país O secretário de Assalariados da Fetag-AL, Cícero Domingos, informou que atos públicos semelhantes ao GTA também foram realizados, simultaneamente, em todos as capitais brasileiras nesta quarta-feira, levando mais de 100 mil trabalhadores para as ruas de todo o Brasil. “Viemos cobrar dos governos estadual e federal ações para manter o homem no campo. No caso de Alagoas, entre as reivindicações mais importantes está a ampliação do programa Amigo Trabalhador que oferece uma bolsa mensal a quem perdeu o emprego na entressafra, além da proposta de oferecer um incentivo fiscal a usina que mantiver o trabalhador empregado durante a safra”, afirmou Cícero Domingos, secretário de Assalariados da federação alagoana, lembrando que, em média, 25 mil trabalhadores rurais são demitidos com o fim da safra da cana em Alagoas. “O Grito da Terra Brasil é um movimento junto que traz os problemas existentes no campo para serem debatidos em busca de soluções práticas, a exemplo da comercialização dos produtos da agricultura familiar”, declarou o dirigente sindical de Arapiraca e presidente da União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária em Alagoas (Unicafes-AL), João dos Santos.
Assistência Durante o ato público, uma das principais queixas dos trabalhadores foi a respeito da precariedade na política de assistência técnica no campo. “Não adianta fortalecer a agricultura, se não tiver assistência técnica. Precisamos deste acompanhamento para que possamos produzir alimentos com melhor qualidade”, frisou a secretária de Políticas Agrícolas da Fetag-AL, Rilda Alves.
Outro ponto destacado pelos trabalhadores foi a falta de segurança no campo. De acordo com eles, os roubos e assaltos se tornaram frequentes na zona rural dos municípios. “A gente tem que fechar a porta de casa assim que anoitece para não ser assaltado. O que é plantado é roubado antes de ser colhido.
A segurança no campo está um caos”, afirmou a trabalhadora rural de Arapiraca, Maria Alves. Mulheres O Grito da Terra Alagoas contou este ano com uma ala das Margaridas formada por mais de mil mulheres. Carregando faixas, o grupo reivindicava do governo políticas públicas, a exemplo de ações práticas de enfrentamento da violência e ampliação do número de delegacias de mulheres em Alagoas. “Foi a primeira vez que formamos esta ala formada por mais de 1.300 mulheres. A nossa luta é pela defesa dos direitos das mulheres. Além de itens inclusos na pauta geral do Grito da Terra Alagoas, também estamos com uma demanda própria que será entregue ao governo”, afirmou Edjane Rodrigues, secretária de Mulheres da Fetag-AL.
Nacional
Nesta quinta-feira, 21, representantes do movimento sindical rural de todos os Estados brasileiros estarão em Brasília participando do 21º Grito da Terra Brasil com a proposta de cobrar do Governo Federal políticas públicas voltadas ao desenvolvimento da agricultura familiar e a melhoria da qualidade de vida do homem do campo. Promovido pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), dirigentes sindicais debaterão com o governo Dilma Rousseff uma pauta conjunta de reivindicações elaborada nas bases do movimento sindical rural e que já foi entregue, oficialmente, ao Governo Federal.
FONTE: Assessoria de Comunicação Fetag AL