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SECA
Governo anuncia, mas milho não chega para o Nordeste
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18 de Setembro de 2012

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Na tarde dessa segunda (17) representantes da CONTAG estiveram reunidos com o secretário nacional de Política Agrícola, Caio Rocha, o superintendente da Conab, Rafael Borges Bueno e equipe. O encontro aconteceu a pedido das Federações de Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura (FETAGs) do Nordeste, para tratar da questão do abastecimento de milho na região. Isso porque o governo federal está descumprindo com o que anunciou e os leilões que está realizando estão destinando pouco milho para o Nordeste, segundo avalia a CONTAG. Das 400 mil toneladas do cereal nos estoques oficiais divulgadas pelo governo federal, a serem distribuídas para socorrer os produtores das regiões onde as cotações do produto estão acima da média, em virtude da quebra da safra nesse período de estiagem, até o momento só chegaram para o Nordeste apenas 71mil toneladas, das 209 mil contratadas. O governo afirma que já estão a caminho, sendo transportadas, mais 138 mil toneladas. Ou seja, apenas a metade do que fora propagado. Para agravar ainda mais a situação, essa quantidade não é destinada apenas aos agricultores familiares e é dividida entre médios e grandes produtores da região. “Sabemos que essa não é a primeira reunião para tratar do assunto e nem se trata aqui de uma visita que estamos fazendo para contar histórias. O governo precisa ter sensibilidade. O ministério não está resolvendo o problema e precisamos de uma saída concreta e afirmativa para a situação. A presidenta Dilma anunciou programas de apoio às vítimas da seca, mas até agora o Programa do Milho não vem atendendo aos mais necessitados”, critica Antoninho Rovaris, secretário de Política Agrícola da CONTAG.

A grande preocupação das federações, segundo a direção da CONTAG, é de que os novos contratos levem mais tempo para chegar, além da informação de que existe a possibilidade de o exército fazer o transporte desse alimento sem, contudo, ter experiência nesse tipo de logística. Outro dado relatado pelos representantes da confederação diz respeito ao acesso ao Programa do Milho: “Os agricultores familiares são minoria no cadastramento do programa. Estaremos reunidos amanhã para termos uma radiografia mais precisa com relação à situação e ao quadro que se configura em todo o Nordeste”, informa Aristides Santos, secretário de Finanças e Administração da CONTAG, referindo-se ao encontro das FETAGs em Fortaleza.

Nos estados de Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Rio Grande do Norte, e Paraíba a situação é ainda mais grave. Diante disso, a CONTAG faz pressão para que o governo cumpra com seu papel. “O governo anunciou, mas não criou as condições necessárias para cumprir com seu compromisso. Isso é complicado, principalmente em ano de eleições municipais. É papel do governo resolver essa situação, que é emergencial”, analisa Alberto Broch, presidente da CONTAG. Broch defende um percentual diferenciado para a agricultura familiar. “Esse público deve ter direito a um valor acessível porque sua demanda é pelo milho para subsistência. Penso que não é justo que o grande pague o mesmo que o pequeno”, justifica.

O deputado estadual Manoel Santos (PT), presente na reunião, demonstrou sua preocupação com o quadro. “Essa não é uma política justa, muito menos respeitosa, e os trabalhadores e trabalhadoras rurais não podem aceitar isso. Em um ano eleitoral, pensar no uso de um programa à custa de uma situação de emergência, de seca e de fome, é um grande risco”, dispara o deputado, representando Pernambuco, falando sobre as distorções que estão ocorrendo ligadas à existência de atravessadores, ao poder dos que detêm mais recursos para comprar para estoque e ao fato de que o milho não está chegando para os que mais precisam.

O secretário de Políticas Sociais da CONTAG, José Wilson, lembra que apesar do Ceará ser o estado aonde chegou maior quantidade de milho, mesmo assim no local a distribuição não está sendo eficiente. Wilson alerta que são muitas as críticas e denúncias de que o cereal não está chegando aos produtores e que é necessária sensibilidade para tratar do assunto. “O governo deve entrar com subsídio, é claro, para garantir o preço do produto e conter as oscilações de mercado. Mas, é necessário perceber também que a questão do milho não é de economia, de ganhar ou não dinheiro, mas sim de sobrevivência dos animais”, referindo-se à realidade específica do Nordeste.

Alegando problemas de infraestrutura, principalmente ligados ao transporte, Caio Rocha tenta se explicar: “Reconhecemos a veracidade dos fatos apresentados. Acontece que estamos tendo problemas de transporte”. O secretário exige de sua equipe maior precisão nos dados apresentados ao movimento sindical e a definição de um calendário de ações. Já o superintendente da CONAB anunciou quantitativos de entrega do milho para alguns estados e comprometeu-se a apresentar uma relação do produto em processo de entrega e de licitação. Mas, a verdade é que o governo está mesmo é descumprindo com seu compromisso e os dirigentes sindicais começam a se inquietar. “Esse é o momento de se fazer uma distribuição rápida, igualitária e sem privilégios, para os que mais estão necessitando”, exige Antoninho Rovaris, referindo-se as 105 mil toneladas de milho que começam a ser embarcadas na próxima semana, das quais 60 mil vão direto para a região Sul e não para o Nordeste, para onde devem estar indo apenas 40 mil toneladas. Rovaris reivindicou também que a CONTAg participe de uma possível reunião entre os secretários de agricultura estaduais e o ministério da agricultura, pré-agendada para os próximos dias. FONTE: Imprensa Contag - Maria do Carmo de Andrade Lima



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