A Confederação de Organizações de Produtores Familiares Campesinos e Indígenas do Mercosul Ampliado (Coprofam) e a ONG ActionAid lançaram neste mês a campanha "Pela Soberania Alimentar e Combate à Fome no Mercosul". A iniciativa visa à criação de políticas públicas para o desenvolvimento da agricultura familiar e garantia de soberania e segurança alimentar nos países do Mercosul e seus vizinhos.
Segundo os organizadores da campanha, o fortalecimento do homem e da mulher do campo é indispensável para a redução da pobreza e combate à fome na região. Atualmente, a agricultura familiar produz ainda 68% dos alimentos indispensáveis para a soberania e segurança alimentar dos países sul-americanos. Também é responsável por 83% das propriedades rurais do Mercosul Ampliado, representando 40% PBI agrícola e gerando 73% dos postos de trabalho no campo.
O lançamento ocorreu em Salvador (BA) durante a Conferência Internacional sobre Soberania e Segurança Alimentar no Mercosul. Três diretores da Contag estiveram presentes no lançamento: o vice-presidente e secretário de Relações Internacionais, Alberto Broch; a coordenadora Nacional das Mulheres Trabalhadoras Rurais e vice-presidente da CUT, Carmen Foro; e o secretário-geral, David Wylkerson.
De acordo com Alberto Broch, por meio da campanha, os trabalhadores e trabalhadoras rurais sul-americanos lutam por um Mercosul sem fome. "Nesta campanha, queremos diminuir algumas das coisas que mais envergonham o ser humano: a fome, a miséria e a subnutrição", destaca Broch.
A secretária adjunta de Gênero e Políticas para Mulheres da Coprofam, Carmen Carlini, afirma que a participação das trabalhadoras rurais no lançamento da campanha é muito importante. "Devemos estar unidas para combater a fome. As mulheres do campo são peças fundamentais nesse processo".
Produção Familiar - A ActionAid e Coprofam propõem a participação da sociedade civil na elaboração das políticas públicas para a soberania e segurança alimentar do Mercosul. Segundo as duas entidades, essa colaboração é fundamental para aprofundar o papel dos produtores e produtoras familiares, campesinos e indígenas na produção agrícola do bloco. A idéia é aumentar o abastecimento dos mercados locais e regionais pela produção familiar.
Para a criação dessas políticas públicas, as duas organizações reivindicam que os governos do Mercosul estabeleçam uma agenda de trabalho conjunta. "Não superaremos a fome e a miséria se não valorizarmos uma agricultura familiar forte, sadia e pujante, que respeite o meio ambiente, a diversidade e que tenha a produção de alimentos além da visão produtivista", defende o vice-presidente da Contag.
O presidente da Coordenação de Integração das Organizações Econômicas Campesinas da Bolívia (CIOEC), Primo Nina, explica que a valorização dos agricultores e agricultoras familiares também ajudará o mundo a combater a crise alimentar. "Estamos defendendo a produção de alimentos pela agricultura familiar para combater essa crise alimentar que afeta os países". FONTE: Fernanda Peregrino, Agência Contag de Notícias