A Fetape reagiu com indignação ao anúncio da permanência do atual ministro Guilherme Cassel à frente do comando do Ministério do Desenvolvimento Agrário. A direção da federação não entende a atitude do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que desconsiderou o conjunto de propostas apresentadas pela Contag e que apontavam para melhorias na gestão do MDA: "Estamos insatisfeitos com essa indicação. Lula desconsiderou a importância do movimento sindical rural, que apoiou esse governo nos momentos mais difíceis e durante toda a campanha à reeleição. Isso significa um modelo de democracia onde os movimentos sociais e sindicais só são convidados na hora de dar votos e em época de eleição", dispara Aristides Santos, presidente da Fetape, a primeira entidade do movimento sindical nacional a se manifestar publicamente a favor do presidente, quando esta reuniu milhares de trabalhadores rurais pelas ruas do Recife, em 2005, durante o Grito da Terra Pernambuco.
Entre as críticas apontadas pela Fetape à gestão Rossetto/Cassel está a metodologia utilizada por ambos, a mesma da época do ex-ministro Raul Jungman e que maqueia os números da reforma agrária. "Apresentamos um conjunto de propostas de melhorias para o ministério. Não aceitamos que um tema tão relevante quanto o da reforma agrária fique em segundo plano, num jogo político que busca apenas atender a tendências dentro de partidos". O presidente da federação se refere à tendência Democracia Socialista (DS) do PT que, segundo as federações de todo o país, tem um perfil voltado para as questões urbanas, desconhecendo as demandas da área rural.
O conjunto das federações, representadas pela Contag, encontra-se em processo de definição das estratégias a serem adotadas pelo sindicalismo rural de agora por diante. A Contag é hoje a maior confederação de trabalhadores rurais da América Latina e a Fetape reúne cerca de 1,5 milhão de trabalhadores rurais sindicalizados em Pernambuco.