A secretaria de Mulheres da CONTAG participa nesta semana do VI Seminário Mulheres em Territórios de Resistências: Lutas e Construções Feministas por uma Ater Agrocológica, que acontece em Recife (PE) nestes dias 23 e 24 de março. Segundo a organização do evento, o objetivo do Seminário é ser um espaço de avaliação da conjuntura e construção de alternativas frente ao processo autoritário de retirada de direitos e de violências sobre as mulheres, a juventude, a classe trabalhadora, o meio ambiente as comunidades tradicionais (indígenas, pescadoras, quilombolas, extrativistas), bem como um espaço de fortalecimento da luta feminista e de alianças entre mulheres rurais e urbanas da região nordeste do Brasil. A CONTAG participou da mesa Lutas e Resistências: As Políticas Públicas para as Mulheres Rurais Frente ao Golpe, onde foi colocado como as trabalhadoras rurais têm atuado diante desse processo de perdas de direitos, perdas de lugares de representação dentro do governo federal e de políticas públicas. As ações realizadas por STTRs e Federações de todo o Brasil no dia 8 de março e durante todo este mês foram destacadas, além das diversas formas como as mulheres rurais têm se somado à luta contra os retrocessos políticos, econômicos e, principalmente, sociais.
O VI Seminário é um dos resultados do Projeto ATER, Feminismo e Agroecologia na Região Nordeste, realizado por meio de parceria entre a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Universidade Federal do Ceará (UFC) e o extinto Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), por meio da Diretoria de Políticas para as Mulheres Rurais e Quilombolas (DPMRQ). De acordo com a organização do evento, a parceria promoveu um processo de construção de conhecimento e de reafirmação de princípios baseados no diálogo de saberes entre academia, técnicas de ATER, estudantes a e agricultoras, no reconhecimento das diversas experiências que já vêm sendo desenvolvidas na região, a partir das práticas feministas e na construção de uma Rede feminista de ATER na Região Nordeste. Nessas experiências, “as mulheres rurais são os sujeitos e agentes de transformação e defesa dos seus territórios, na construção da agroecologia, no questionamento das políticas públicas, proposição de novos arranjos e na construção cotidiana de resistências, na casa, no quintal, na comunidade, no seus municípios, sindicatos, associações e no país”. No seminário, serão não apenas apresentados os resultados do Projeto, mas também expressivas formas de resistências em que as mulheres imersas, lutando contra o machismo, racismo, agronegócio, LGBTfobia, sexismo, patriarcado, capitalismo, por uma país democrático e solidário, para reafimar que “SEM FEMINISMO NÃO HÁ AGROECOLOGIA!”
Para a professo da Universidade Federal Rural de Pernambuco Laeticia Jalil, a CONTAG sempre foi parceiro fundamental, sujeito político que incorpora as questões que estamos abordando aqui. “Vemos isso na própria pauta da Marcha das Margaridas e como o feminismo, as ações de ATER e a agroecologia estão incluídas nas disputas de políticas públicas e no campo da orientação de um modelo de desenvolvimento rural em que as mulheres sejam reconhecidas como sujeitos políticos e com visibilidade no que diz respeito à contribuição delas na reprodução da vida, na economia, na valorização da natureza, nas outras formas de se relacionar com o mundo que não seja o desse desenvolvimento pautado apenas pelo crescimento econômico. A CONTAG é espaço em que se articulam milhares de trabalhadoras rurais, uma entidade comprometida no campo da proposição”, afirma a professora. Laeticia Jalil apontou ainda os outros resultados do projeto, como um livro sobre a sistematização das experiências das organizações participantes, e uma “cartografia feminista” da região nordeste, um instrumento para dar visibilidade para as mulheres nos territórios e como elas contribuem para a transformação desses espaços, onde foi possível compreender a complexidade da vida cotidiana dessas mulheres, assim como a forma como elas disputam participação e constroem as mudanças. “Vamos lançar também uma campanha para destacar as consequências da divisão sexual do trabalho e como a divisão desigual do trabalho doméstico têm impacto na participação das mulheres nos espaços públicos de debates e de transformação de suas próprias vidas. Esse é um debate que tem que ser feito, porque estamos em uma conjuntura na qual é preciso retomar o trabalho nas comunidades, junto às pessoas, e a participação das mulheres nesses processos é fundamental”, afirma a professora. FONTE: Assessoria de Comunicação da CONTAG - Lívia Barreto