A Agência da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) está dando prosseguimento à consulta que realizou em todos os continentes sobre o acesso a terra e os recursos naturais. Nesta semana, ocorre uma reunião em Roma, na Itália, com o objetivo de fazer uma nova etapa de debates e o trabalho de síntese das diretrizes voluntárias a respeito desse tema que deverão ser apresentadas no próximo encontro do Conselho Mundial de Segurança Alimentar, em outubro. Segundo a vice-presidente e secretária de Relações Internacionais da Contag, Alessandra Lunas, a confederação está atuante nesse processo e também está participando da reunião na Itália. Para a dirigente, que também é secretária geral da Confederação de Organizações de Produtores Familiares do Mercosul Ampliado (Coprofam), o debate em torno do acesso a terra é um avanço por se tratar de um tema polêmico não só no Brasil, mas em todo o planeta. “Nós entendemos que mesmo que sejam diretrizes voluntárias, mas já é um passo importante os países reconhecerem que essa é uma problemática que precisa ser tratada e precisa ser olhada com prioridade”, comemora. Depois da organização de um primeiro rascunho do documento, foram apresentadas mais de 700 emendas ao texto por diversas nações. Caso os conselheiros não cheguem a um consenso até outubro, quando as diretrizes voluntárias forem apresentadas no plenário do Conselho Mundial de Segurança Alimentar, o debate terá continuidade. Lunas avalia de forma positiva esse diálogo das nações em torno do tema do acesso a terra. “Nós consideramos o debate importantíssimo porque coloca uma agenda para que os países possam, principalmente no debate que vem sendo feito, reconhecer o acesso a terra como um direito humano. Mais do que o direito humano à alimentação que a FAO tem trabalhado há muitos anos, agora vem com força a discussão do direito humano ao acesso a terra”, destaca. A consulta da FAO na América Latina aconteceu no ano passado, logo após a realização do Grito da Terra Brasil. O evento contou com a participação de representantes das Fetags e de outras organizações latino-americanas. O encontro aconteceu simultaneamente na sede da Contag e no Itamaraty. Para Alessandra Lunas, o resultado dessa consulta tem trazido, com muita preocupação, a questão da concentração e da estrangeirização da terra.
FONTE: Agência Contag de Notícias - Verônica Tozzi