Vinte e quatro famílias de trabalhadores e trabalhadoras rurais, acampadas na fazenda Descanso Ponte da Pedra, em Paraúna, Goiás, já podem comemorar a permanência na área. Após reunião na quarta-feira (4),onde participaram representantes da Contag, Fetaeg, Incra, advocacia geral da união e secretaria nacional anti-drogas, o governo decidiu suspender a reintegração de posse da fazenda.
Com a decisão o Incra, por meio da Advocacia Geral da União, vai apresentar à Secretaria Nacional anti-drogas um termo de cooperação para destinar as terras para reforma agrária, em troca de convênios, conforme prevê a lei. A secretária de Política Agrária da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura de Goiás, Sandra Faria, disse que o saldo da reunião foi positivo. "Essa negociação sinaliza avanços para os trabalhadores. As 24 famílias serão assentadas e ainda contarão com um combate ás drogas", avalia Sandra. "Os trabalhadores estão lá, estão trabalhando e vão continuar até que o acordo seja concluído", completa.
O representante das famílias da fazenda Descanso Ponte da Pedra, Adilson Cardoso, diz que o resultado da reunião foi um alívio para as famílias. "Esse resultado é muito importante, porque a gente deitar as famílias ficar de baixo de uma lona e saber que a polícia vem retirar, é sofrido demais, é doloroso demais. E a gente sabendo que foi suspendida essa retirada nossa, é a coisa mais importante na vida que a gente pode sentir".
Os trabalhadores esperam criar gado, plantar horta e maracujá na área do projeto de assentamento. Francisco de Jesus, presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Paraúnas lembra que esse assentamento vai representar o futuro das crianças. "Essas famílias estão lá vivendo o amanhã deles. Se eles não conseguirem isso essas crianças não vão ter um futuro maravilhoso. Isso vai dar a tranqüilidade a eles serem uma pessoa, quem sabe um advogado, estudar. Eu acho que o mais importante na vida de um pai de família é ver um filho formado", disse Francisco.
Os trabalhadores estão acampados na área há oito anos. O imóvel era do traficante Fernandinho Beira-Mar e como prevê a lei deve ser encaminhada a Secretaria Anti-Drogas para leilão. O secretário de Política Agrária e Meio Ambiente da Contag, Paulo Caralo explicou em entrevista a importância da decisão na vida dos acampados. "O que nós queremos é que os trabalhadores que lá estão acampados sejam assentados, possam colocar aquela área para produzir e fazer com que eles possam contribuir com o desenvolvimento do município, da região e com certeza gerando mais emprego, garantia que os trabalhadores não venham para as periferias da cidade passar mais dificuldades ainda".
Fonte: Vanessa Montenegro
Agência Contag de Notícias