A Década da Agricultura Familiar, campanha global que a CONTAG participa ativamente, completou três anos desde seu lançamento, e realiza um grande balanço junto às organizações envolvidas sobre o que foi conquistado e quais os desafios enfrentados ao longo desse processo, olhando para cada um dos sete pilares de seu Plano de Ação Global e as demandas e especificidades de cada tema.
Este balanço acontece no 1º Fórum Global da Década da Agricultura Familiar das Nações Unidas, encontro celebrado virtualmente nesta semana, entre os dias 19 e 22 de setembro, coorganizado pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA).
Um dos pilares, o número 2 transversal, é focado na Juventude Rural, e aborda a necessidade de se promover políticas e programas que apoiem os/as jovens e garantam a sucessão rural na agricultura familiar. O segundo dia do Fórum Global foi destinado ao debate sobre este pilar, e para contribuir com experiências positivas e inspiradoras que tenham a juventude rural como protagonista, a FAO convidou a CONTAG para apresentar as iniciativas exitosas que desenvolve a partir do trabalho de sua Secretaria de Jovens.
A secretária Mônica Bufon foi quem apresentou essas iniciativas para as mais de 100 pessoas de todo o mundo que estavam conectadas na plataforma do Fórum na manhã desta terça-feira (20). A dirigente falou de ações internas promovidas na CONTAG, como o Programa Jovem Saber, que em seus 18 anos de existência já impactou mais de 35 mil jovens; sobre os Festivais Nacionais da Juventude Rural, que reuniram milhares de jovens e está perto de realizar sua 4ª edição; e sobre o Plano de Ação para o Trabalho com a Juventude Rural, iniciativa voltada para que as Federações e Sindicatos possam incluir mais os/as jovens em suas atividades e lutas sindicais.
E também abordou ações externas de articulação política, como o Plano Nacional de Juventude e Sucessão Rural, aprovado em 2016 durante o governo Dilma, mas extinto por decreto em 2020. “Esse ato demonstra que a juventude rural necessita enfrentar diferentes tipos de invisibilidade: primeiro nos espaços de tomada de decisões da família, associações e sindicatos, e também nos espaços de políticas públicas, que priorizam ações dirigidas à juventude urbana”, disse a dirigente.
Mas, antes de entrar nesses pontos, Mônica contextualizou alguns dados da juventude rural brasileira, que apontam para a existência de cerca de 6,7 milhões de jovens entre 16 e 32 anos nas zonas rurais do Brasil, e que 37% deste grupo tem apenas a educação primária, o que é resultado de problemas como o fechamento de escolas rurais - foram mais de 120 mil escolas fechadas entre 2001 e 2021.
Diante desse cenário, Mônica defende que o acesso à educação é fundamental para o desenvolvimento dos/as jovens enquanto sujeitos do campo, e que a aproximação e envolvimento das novas gerações com o movimento sindical abre uma possibilidade de ampliar esse desenvolvimento para toda a comunidade. “Acreditamos que a participação de jovens nas ações dos Sindicatos e Federações é fundamental para fortalecer a consciência política da comunidade e para trazer novas propostas de desenvolvimento rural sustentável e solidário”, afirmou a secretária.
Fonte: Gabriella Ávila – Jornalista da COPROFAM