Um grupo de dirigentes sindicais rurais ameaçou endurecer com o governo e anunciou, na manhã desta quarta (23 de maio) ao ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, que os agricultores e agricultoras estão chegando ao limite com relação aos efeitos da seca que assola as regiões Nordeste e Sul do país. Eles estão criticando uma resolução recente do governo, que limita a 35% os gastos dos agricultores com custeio. Durante a reunião, o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (FETAG) do RS, Elton Webber, destacou que o governo deve considerar as peculiaridades de cada uma das regiões. “Os efeitos da estiagem implicam em demandas diferenciadas para cada local. Sobre isso, queremos um debate, do contrário poderemos ter problemas na próxima semana, com a vinda dos trabalhadores rurais para o GTB”, referindo-se ao Grito da Terra Brasil, que acontece na próxima semana (30 de maio). “A pressão é grande, mas parece que o governo não está entendendo isso”. Lembrando que as projeções para o futuro não são das melhores, Antoninho Rovaris, secretário de Política Agrícola da CONTAG critica o valor anunciado pelo governo para os atingidos pela seca (R$ 10mil). “Desde o ano de 2004 estamos convivendo com esse problema. Esse valor não resolve nossa questão e se trata de apenas mais um paliativo. É preciso que o governo busque uma ação mais efetiva para a seca, no caso, a criação de uma política, do contrário anualmente estaremos aqui. Essa portaria não resolve nosso problema, porque precisamos de uma política sustentável. E esse é o recado da CONTAG”, analisa Rovaris. Os agricultores referem-se também à morosidade do governo, exigindo que as ações se deem em caráter mais emergencial. Eles reclamam porque embora tenham sido recebidos inúmeras vezes pelo ministério, isso de nada adiantou, pontuando que de dezembro até o momento nada de relevante foi feito. “Nossos agricultores estão no limite”, avisa o diretor da CONTAG. Representando o Nordeste, José Rodrigues, da Fetape, disse que eles estiveram em reunião com membros do Banco do Nordeste e que os mesmos se justificaram dizendo que se o Banco Central não liberar os recursos, nada poderá ser feito: “Parece um jogo de empurra-empurra. A realidade é que nosso gado está morrendo de fome. Ou o governo entra com investimentos para o custeio, ou a situação se agravará mais ainda e perderemos o controle geral”. Em resposta aos dirigentes, o ministro reconheceu as críticas: “Reconheço. Dez mil não resolvem e sei que a questão hídrica é bem mais complexa, exigindo de nós iniciativas mais ousadas. Sentimos-nos desafiados”. Os representantes da FETAG RS entregaram ao ministro Pepe Vargas, ao término da audiência, um documento contendo reivindicações específicas da região sul. FONTE: Imprensa CONTAG - Maria do Carmo de Andrade Lima