O Haiti e os membros do Cotton-4, países africanos produtores de algodão, inauguram uma nova estrutura para projetos destinados a fortalecer as ações de cooperação técnica no eixo Sul-Sul, realizados pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) com recursos da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), vinculadas aos ministérios da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento (Mapa) e Relações Exteriores (MRE), respectivamente.
Em fase de implantação, as ações de transferência de tecnologia no Haiti serão realizadas na fazenda Fond des Nègres, localizada no departamento de Nippes. A área, de propriedade do Ministério da Agricultura, Recursos Naturais e Desenvolvimento Rural (MARNDR) tem 23 hectares e funcionará como uma estação experimental. Até então no local havia lavouras de café e cacau. O projeto técnico prevê o plantio de arroz, feijão, milho e mandioca.
A previsão é de as atividades para o Haiti começarem neste trimestre. José Madeira, coordenador de cooperação internacional da Assessoria de Relações Internacionais (ARI) da Embrapa, explica que ainda é preciso fazer a adequação de toda infraestrutura da Fond des Nègres.
A área precisa ter o solo drenado e receber o tratamento correto para receber as sementes. "O projeto prevê também a instalação de pequenos laboratórios e a aquisição de equipamentos de campo", comenta Madeira. "Enquanto essa parte da infraestrutura é feita, as equipes técnicas vão recebendo capacitação. É um projeto que, antes de tudo visa a produção de alimentos e que terá duração de até quatro anos", complementa o pesquisador da ARI.
África - Os países do Cotton-4 (formado por Benin, Burquina Faso, Mali e Chade) já estudam onde será a sede da estação experimental que abrigará as atividades propostas pelo programa proposto pela Embrapa e ABC, mas que também envolverá organizações brasileiras interessadas na produção de algodão - carro-chefe da economia dos quatro membros desse grupo.
O objetivo é fortalecer o sistema produtivo nesses países, que ainda enfrentam problemas como o número reduzido de variedades de algodoeiros (o que impossibilita o aumento da produtividade), controle de pragas e o manejo do solo. Devido ao manejo manual na maioria das lavouras, a qualidade do produto deixa a desejar. "Não queremos mudar o sistema de produção dos agricultores, mas sim possibilitar que se torne produtivo. Por isso se pretende acompanhá-los, entendê-los", diz José Madeira.
O importante nesta formatação de projetos é que os técnicos dos países receptores da cooperação - multiplicadores da tecnologia - vão realizar os treinamentos em suas realidades. Por isso a proposição das estações experimentais - o que não isenta de conhecerem como funciona o trabalho no Brasil. Mas esta metodologia, de acordo com Madeira aproxima técnicos, pesquisadores e agricultores, facilitando o entendimento das mudanças necessárias.
O novo formato desses projetos é resultado de uma discussão iniciada ainda no ano passado, quando pesquisadores da ARI e técnicos da ABC constataram a necessidade de construir programas mais extensos (em termos de duração) e que não tivesse como ponto básico apenas a formação de competências - fator importante e que terá continuidade. "O que se pretende é construir projetos que atinjam objetivos maiores, com propostas capazes de suprir o vazio tecnológico existente nos países em desenvolvimento", explica o coordenador de cooperação internacional da ARI, José Madeira. FONTE: Embrapa