Durante toda a manhã desta quinta (06 dezembro), dirigentes camponeses, pescadores, indígenas e trabalhadores das florestas da América Latina e Caribe, membros do Conselho Internacional de Produtores (CIP), estiveram reunidos na sede da CONTAG, em Brasília, com representantes da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) para discutirem a Aliança Continental por Soberania Alimentar, uma forma ampliada das organizações membro em cada país debaterem o tema, já que a bandeira de luta envolve todos os povos e não apenas os camponeses. A FAO, que lidera os esforços internacionais de erradicação da fome e da insegurança alimentar, coordena o encontro, que acontece até sábado (8). Entre os temas abordados Manuel Calvelo Diaz, especialista da FAO em Comunicação, falou durante o período da manhã sobre os meios de comunicação e como produzir mensagens mais interativas. Sua apresentação, denominada “Conceituação e Ferramentas de Comunicação para o Fortalecimento da Liderança Organizacional”, mostrou maneiras de se comunicar com o agricultor, de forma que ele deixe de ser um receptor passivo para se tornar interlocutor. Para Manuel, o modelo de aprendizagem no mundo rural é o de aprender fazendo e difere daquele que é defendido pelo mundo acadêmico. “Quando penso em comunicar, devo pensar com quem vou me comunicar”. Para ele, um modelo teórico de comunicação ideal deve ser de diálogo, democrático, interativo e não impositivo: “As partes envolvidas devem considerar os saberes recíprocos. Porque esse saber é vital para o desenvolvimento rural. Necessitamos dele para garantir um diálogo igualitário e eficiente entre sociedade e Estado”, argumenta. Maria Noel Salgado (Uruguai), do Movimento Agroecológico da América Latina e Caribe (MAELA), considera esse evento como resultado de um processo de articulação política entre os principais movimentos de pequenos produtores de alimentos: “Falamos da necessidade de fazermos acordos a fim de criarmos uma convergência política em torno da soberania alimentar como princípio que deve orientar temas como agricultura e alimentação dos povos latinos, na perspectiva dos pequenos produtores”. Para Gabino Azevedo, pescador e vice-presidente da Confederação Centro Americana da Pesca da América Latina, esse é um momento para se aprender como se fazer entender na interlocução entre a organização e os governos: “São muitas as problemáticas a serem enfrentadas e os governos simplesmente não percebem. Precisamos então apresentar essas questões de forma clara”. Segundo ele, os governos só priorizam as grandes indústrias privadas e desconsideram os pescadores artesanais, que levam alimento diretamente para a mesa das famílias. “Essa é uma realidade em toda a América Latina”, afirma. A representante da Federação dos Produtores dos Bosques Secos do Sul do Caribe disse que esse é o momento em que os governos estão discutindo suas agendas e distribuição de orçamento para implementação das políticas agrárias e sociais de seus respectivos países. “Queremos que os governos entendam a importância da soberania alimentar para as pessoas e para a sociedade e esta é uma questão vital para o meio ambiente. Precisamos ter clareza para incidir nas propostas do Estado que queremos”, analisa. A FAO atua em países desenvolvidos ou em desenvolvimento, de forma neutra, em posição de igualdade para negociar acordos, debater políticas e impulsionar iniciativas estratégicas. FONTE: Imprensa CONTAG - Maria do Carmo de Andrade Lima