No dia 16 de outubro é celebrado em todo o mundo o “Dia Mundial da Alimentação”. Seria uma bela data para comemorarmos a erradicação da fome, o acesso à alimentação saudável por todos e todas, no entanto, a realidade está muito distante disso. Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), a quantidade de pessoas que passam fome no planeta está aumentando, são mais de 800 milhões de famintos, ou seja, a meta traçada pela ONU de reduzir a zero a fome no mundo em sua agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, infelizmente, está longe de ser alcançada.
A FAO adotou como lema deste ano “Nossas ações são nosso futuro. Um mundo #FomeZero para 2030 é possível”, e realizou nesta terça-feira (16), na sua sede em Roma/Itália, um ato central pelo Dia Mundial da Alimentação, com a participação de representantes de 196 países, incluindo o vice-presidente e secretário de Relações Internacionais da CONTAG, Alberto Broch, que representa os agricultores e agricultoras familiares de toda a América Latina e o Caribe, e o Prêmio Nobel da Paz Adolfo Perez Esquivel.
Durante o ato, foi feita uma profunda reflexão para entender porque ainda há tanta gente passando fome no mundo, pois em muitos países há abundância e desperdício de alimentos. “É uma contradição inaceitável. O alimento é sagrado para o ser humano, sem o qual não existimos. É inadmissível que no mundo contemporâneo de hoje, com toda a tecnologia disponível para aumentar a produtividade e a produção de alimentos, nos deparamos com quase 900 milhões de pessoas passando fome”, avalia Alberto Broch. Outro grande problema está na oferta de alimentos com calorias acima do recomendado.
Segundo dados da FAO, a cada oito pessoas no mundo, duas tem sobrepeso ou já se encontra em grau de obesidade, tornando-se um problema de saúde pública. Já outras têm acesso a poucos alimentos e de má qualidade nutricional, apresentando problemas de desnutrição. Todos esses dados foram apresentados no 45º Plenário do Comitê de Segurança Alimentar das Nações Unidas, realizado nesta semana em Roma, demonstrando que não há muito que celebrar nesta importante data.
As organizações do Mecanismo da Sociedade Civil fizeram muitas indagações às agências das Nações Unidas, como a FAO, o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre os problemas da fome, má nutrição e desnutrição que afetam mais de 1/3 da população mundial. Pontos centrais do debate foram as políticas de desenvolvimento sustentável, a produção de alimentos saudáveis e o acesso das populações mais carentes a alimentos de boa qualidade nutricional.
O ato também foi um momento para denunciar o sistema de controle das grandes transnacionais dos insumos, transformação e comércio de alimentos que afetam boa parte da população; bem como a impotência e conivência dos governantes frente a estas empresas. “Também foram apresentadas muitas propostas sobre como os governos e a sociedade civil devem atuar para quebrar o sistema progressivo da produção e comercialização digital de alimentos aliado à financeirização dos alimentos por parte dos grandes bancos; e de como agir contra o desmanche dos sistemas públicos de produção, beneficiamento, comercialização e consumo de alimentos que temos atualmente. Bem ou mal, ainda atende e permite que milhões de pessoas tenham acesso a alimentos”, explicou Broch.
“Nós tivemos a oportunidade de participar e contribuir com a nossa pauta de fortalecer a agricultura familiar, de fazer com que os agricultores e agricultoras familiares tenham acesso à terra, à água, ao crédito, à tecnologia, às sementes, à assistência técnica, que se preservem os saberes e os sabores da agricultura familiar como uma forma de enfrentarmos o problema da fome, com desenvolvimento, uma sociedade menos desigual, combatendo a pobreza, principalmente a pobreza extrema, para que possamos ter uma alimentação saudável e, com isso, fazermos uma transição para uma produção agroecológica”, destacou Broch.
Em todo o mundo também foram realizadas várias iniciativas paralelas pelo Dia Mundial da Alimentação, como mesas redondas, painéis, conferências e até encontros com grandes personalidades que defendem o tema da alimentação saudável. FONTE: Assessoria de Comunicação da CONTAG - Verônica Tozzi, com informações da Vice-Presidência e Secretaria de Relações Internacionais.