No terceiro dia do 4º Encontro Nacional de Formação (4º ENAFOR), a Praça José Pereira – em homenagem a um dos grandes militantes da Formação Sindical do MSTTR – recebeu o diálogo com a educadora do UFCG, Socorro Silva, sobre o tema Campo, Sujeito e Identidade: Formação de Base Para Quê?
O objetivo desse diálogo foi refletir sobre os sujeitos do campo, suas trajetórias, diversidades de lutas no atual contexto político e social, a partir da formação de base no Brasil e na América Latina. Ao longo da manhã, a educadora trouxe vários elementos a partir da prática sindical e formativa do movimento sindical, bem como o que Socorro vivenciou ontem (11) nos trabalhos em grupo.
No diálogo, foram feitas intervenções, questionamentos e contribuições pelos(as) participantes a partir do tema trabalhado pela educadora. Muitos falaram das suas experiências formativas, dificuldades, educação familiar, cultura e expectativas com uma educação específica para o campo.
“A família, terra e trabalho são questões fundamentais da identidade camponesa e que foram muito destacadas pelos participantes do 4º ENAFOR nos trabalhos em grupo. No entanto, as crianças e a comunidade também são eixos fundantes, mas ficaram invisíveis ontem pelos grupos. Entendemos a formação como formação humana e não só sindical”, destacou Socorro Silva.
Segundo a educadora, outras questões que apareceram fortes nos grupos de ontem foram a diversidade de tempos, de espaços, de linguagens e de sentimentos. “A ação deve servir para a prática sindical e organizativa. Não podemos debater formação de base sem falar também de representatividade e organização sindical. No Brasil, ao longo da história, surgiram tentativas de conceitos-síntese para a categoria. Foram atribuídas as identidades de camponês, trabalhador rural, pequeno produtor e agricultor familiar. São conceitos que discutimos pouco sobre eles e, com essa diversidade de sujeitos, como fica o nosso olhar formativo?”, questionou Socorro.
A educadora fez outros questionamentos. “Precisamos olhar com cuidado para essa diversidade de sujeitos e de cultura, sobre a negociação de diferenças, avaliando os padrões do projeto político em curso, com o olhar capitalista de hoje. O que vai permear o fazer formativo? Vamos fazer formação só para movimentar os sujeitos com o olhar para a territorialidade do capital? O capital faz a desterritorialização dos sujeitos e do campo, de forma totalmente desumana”, argumentou.
Socorro também falou da diferença entre a Formação de Base e na Base, tendo como características os diferentes formatos, tempos, espaços e linguagens da ação formativa; pesquisa e o diagnóstico da realidade como principal fonte de informações; interação e convivência entre as pessoas, seus saberes e fazeres e favorecem a construção coletiva do conhecimento, entre outros.
OUTRAS ATIVIDADES DO DIA Na tarde de hoje (12), acontecerão 20 oficinas simultâneas de aprofundamento temático, definidas a partir da área de atuação das experiências de base inscritas no 4º ENAFOR.
Já às 17 horas será realizado o Ato pelo Ano Internacional da Agricultura Familiar, Camponesa e Indígena (AIAF/CI), que será transmitido ao vivo pelo site da CONTAG (www.contag.org.br). O evento contará com a presença do secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Laudemir Müller, da secretária nacional de Jovens do governo federal, Severine Macedo, de representante da FAO Brasil, dentre outros convidados(as). FONTE: Imprensa CONTAG - Verônica Tozzi