Em reunião realizada na sede nacional da CUT nesta quarta-feira (1º de outubro), todas as centrais sindicais brasileiras decidiram voltar às ruas unidas no próximo dia 10, na Jornada Mundial pelo Trabalho Decente, convocada pela Confederação Sindical Internacional (CSI) e pela Confederação Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras das Américas (CSA).
Além de unificar o movimento sindical brasileiro, os atos que ocorrerão nas principais capitais do país em defesa deste princípio básico da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que significa "trabalho produtivo para homens e mulheres em condições de liberdade, igualdade, segurança e dignidade", também vão somar as duas centrais sindicais internacionais, a CSI e a Federação Sindical Mundial (FSM). No Brasil, CUT, Força Sindical e UGT são filiadas à CSI, enquanto CGTB e CTB são filiadas à FSM.
"A manifestação resgatará um princípio fundamental da OIT que, em nosso país, se traduz na defesa da redução da jornada de trabalho sem redução de salário, ampliação da oferta do primeiro emprego e de qualificação ao jovem, garantia de emprego digno com carteira assinada, respeito à organização sindical - com liberdade e autonomia, combate ao trabalho infantil e escravo, defesa da Previência pública e universal, igualdade de direitos para as mulheres e contra todo e qualquer tipo de discriminação", declarou João Antonio Felício, secretário de Relações Internacionais da CUT e vice-presidente regional da CSA.
Segundo João Felício, "a pressão que estará sendo produzida nas ruas, somando mulheres, juventudes, negros e todos os segmentos, é para que o crescimento da economia brasileira se materialize em desenvolvimento social, com ampliação de conquistas que representem melhor qualidade de trabalho e de vida para quem gera a riqueza e a pujança da nação".
Para Denise Motta Dau, secretária nacional de Organização da CUT, entre as bandeiras principais da Jornada encontram-se a ratificação das Convenções da OIT, a 151 - que garante o direito à negociação coletiva no seviço público - e a 158 - que coíbe a demissão imotivada. "São medidas que apesar do governo brasileiro ter enviado ao Congresso Nacional no mês de fevereiro, ainda não foram ratificadas e é fundamental que o movimento sindical amplie apoios na sociedade para torná-las realidade", acrescentou. Denise sublinhou também a importância da luta contra a terceirização e a precarização, por respeito à organização sindical, contra o trabalho infantil e escravo, por igualdade de direitos para as mulheres e pela valorização dos serviços e dos servidores como reivindicações que dialogam com o dia-a-dia dos trabalhadores e trabalhadoras.
Para o representante da Força Sindical na reunião, Ortelio Palacio, "o momento é de unidade e mobilização das centrais brasileiras e internacionais, pois a implementação da agenda nacional do trabalho decente necessitará de muita pressão". Ortelio enfatizou o empenho dos forcistas nesta reta final, "para termos uma manifestação pujante".
O representante da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Wagner José de Souza, destacou a importância de envolver o conjunto das centrais em todos os Estados, para que a Jornada cumpra com o seu papel de levar aos mais distantes rincões do país o clamor da classe. "Precisamos envolver a todos, sem exceção, fazendo com que o trabalhador seja ouvido em suas reivindicações", frisou.
A secretária de Relações Internacionais da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Maria Pimentel, defendeu que é preciso resgatar os inúmeros avanços conquistados no último período e a necessidade de pressionar para que a legislação seja cumprida, "garantindo a ampliação das carteiras assinadas e o fortalecimento da Seguridade Social e da Previdência Pública". "Ao somar também as centrais sindicais internacionais, a mobilização aponta para novas lutas e vitórias em nosso continente, que precisa desta unidade", ressaltou.
Em nome da executiva nacional da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Gilda Almeida declarou que a luta unitária contribuirá de forma decisiva para garantir que seja cumprida a atual legislação e penalizados os que a desrespeitam. "Os empresários têm que obedecer a lei e o Estado tem o dever de fiscalizar, para acabarmos de vez com mazelas como o trabalho infantil e escravo", disse Gilda, sublinhando que a unidade FSM e CSI "descortina um horizonte de vitórias para a classe operária internacional".
Na capital paulista, o ato foi convocado para as 10 horas do dia 10, na Praça Ramos, de onde os manifestantes sairão em passeata até a Delegacia Regional do Trabalho. FONTE: CUT