Teve início hoje a Oficina de Planejamento Estratégico da CONTAG, com a participação de cerca de 120 pessoas, incluindo diretores(as), assessores(as) e representantes de Federações e Regionais. O encontro tem como objetivo construir o plano estratégico da gestão 2025 a 2029, com foco nas ações para o próximo ano, considerando a conjuntura atual e as necessidades do Movimento Sindical dos Agricultores(as) Familiares, Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (MSTTR).
O primeiro dia foi marcado por debates sobre cenários e tendências, com contribuições de Gabriela Savian (IPAM), José Antônio Moroni (INESC) e Clemente Ganz (Fórum das Centrais Sindicais). As discussões abordaram questões geopolíticas, climáticas, econômicas e políticas, fundamentais para nortear as ações da CONTAG nos próximos anos.
Agricultura Familiar: Estratégia Global e Necessária
Gabriela Savian destacou a crescente disputa global por territórios e recursos naturais, o que impacta diretamente a produção de alimentos. Ela reforçou que a agricultura familiar precisa ser reconhecida como uma solução estratégica para garantir a soberania alimentar, enfrentar os desafios climáticos e proteger o território nacional.
A urgência de políticas públicas para os assentamentos rurais foi uma das questões levantadas, especialmente no sentido de garantir condições adequadas de produção e inclusão social. Gabriela também mencionou a COP30, que será realizada no Brasil, como uma oportunidade para afirmar a agricultura familiar como solução global, destacando a importância da justiça ambiental e da inclusão produtiva em áreas de assentamento.
Sindicalismo: Ameaças e Desafios
Clemente Ganz alertou sobre a fragmentação do movimento sindical e o distanciamento dos(as) trabalhadores(as) da luta de classes. Segundo ele, sem espaços democráticos, não há sindicalismo forte. Essa fragmentação tem resultado em menos proteção para os trabalhadores e na flexibilização de direitos por meio de contratos coletivos.
Clemente também reforçou a importância de fortalecer instituições como o INSS, que vêm sendo atacadas sistematicamente. Segundo ele, essa deve ser uma das principais bandeiras do movimento sindical. Ressaltou ainda a necessidade de uma comunicação mais direta e permanente sobre os direitos dos(as) trabalhadores(as), para combater a desinformação e reforçar o papel da CONTAG na luta por direitos e pela democracia. Por fim, destacou que as inovações tecnológicas não têm volta, e que o movimento sindical precisa se atualizar frente às mudanças em curso.
Crise Global, Guerra e Coletividade
Moroni abordou a atual crise global, com destaque para a ascensão da extrema-direita e o enfraquecimento das instituições democráticas. Ele alertou para um cenário de guerra e instabilidade internacional, em que os espaços de mediação política estão sendo rompidos. Diante disso, afirmou que é fundamental que organizações como a CONTAG fortaleçam suas bases e articulem alternativas coletivas para resistir e defender um projeto popular de país.
O Caminho para a Sustentabilidade Político-Financeira
As reflexões sobre os caminhos a seguir convergiram para a necessidade de uma estratégia de sustentabilidade político-financeira que vá além da simples sobrevivência do sistema. É preciso que a CONTAG, em conjunto com as FETAGs e os STTRs, construa um novo ciclo de atuação, que valorize a produção no campo, a inclusão da agricultura familiar e o uso da comunicação como ferramenta de disputa e fortalecimento da narrativa do movimento.
Além disso, a formação contínua e a articulação política são essenciais para garantir a resistência e a permanência da luta sindical no campo.
A Oficina segue até amanhã, com atividades em grupos temáticos e a definição das diretrizes estratégicas para o próximo período.
A presidenta da CONTAG, Vânia Marques Pinto, destacou a importância deste momento coletivo de planejamento: “Estamos diante de grandes desafios. Por isso, nós, do sistema confederativo — CONTAG, Federações e Sindicatos — precisamos resistir. E resistência se faz com organização, com unidade e com planejamento estratégico. É assim que vamos enfrentar os ataques, manter vivas nossas bandeiras de luta e fortalecer a representação de uma classe trabalhadora essencial para o país: aquela que produz alimentos saudáveis, preserva o meio ambiente e constrói um Brasil mais justo. E só conseguimos fazer isso com a participação ativa de todas e todos.”
Por Comunicação da CONTAG