Nesta quarta-feira (20), termina o Encontro Amazônico da Sociobiodiversidade realizado pelo Conselho Nacional das Populações extrativistas/CNS com dezenas de outros movimentos parceiros da região. O evento nasceu em contraponto ao Fórum Mundial da Bioeconomia, realizado pelo governo federal/estadual/empresariado de forma excludente, com ingressos para participação de hum mil reais, sem incluir as populações do campo, das águas e das florestas.
Protesto
Em protesto, um ato grandioso com cerca de 150 pessoas de diversos movimentos e com a participação da CONTAG/FETAGRI-PA foi realizado no centro da Estação das Docas, onde acontece o Fórum Mundial da Bioeconomia, chamando a atenção dos organizadores para a necessidade de se pensar a bioeconomia de forma social, pensando não apenas na economia, as na qualidade de vida de todos os povos que habitam a Amazônia.
Para Carlos Augusto Silva, Secretário de Formação e Organização Sindical da CONTAG, a demarcação das terras indígenas, o combate ao latifúndio, a grilagem e a violência no campo estão umbilicalmente ligadas à sociobioeconomia, afirma: não dá para querer uma bioeconomia construída só por empresários e governo. Não adianta inventar rótulo, carimbo verde e etc sem diálogo. Não existe bioeconomia sem a participação das populações amazônidas. Não queremos uma bioeconomia apenas para precificar os produtos da floresta, é preciso discutir bioeconomia com impactos socioambientais. É preciso discutir bioeconomia com a demarcação dos povos indígenas, como ferramenta no combate à grilagem e contra a violência no campo, finaliza Guto.
Homenagem a Paulo Freire, o educador da esperança
Outro momento marcante do encontro foi a doação de um busto de Paulo Freire, como parte da ação do Curso Prático de Midiativismo, realizado pela ENFOC, à coordenação do Conselho Nacional das Populações Extrativistas. Para Joaquim Belo do CNS, construir uma unidade, em torno da educação popular, da mobilização dos movimentos é fundamental pra gente enfrentar o inimigo e essa matriz de desenvolvimento que prioriza a mineralização, a concentração da terra, a expropriação dos povos e a criminalização dos movimentos sociais, sindicais e populares, destaca Belo.
E que aprendizado a gente tira daqui?
Edilson Silveira Figueira, Vice-Presidente do STTR de Santarém, responde: esses dois momentos do Conselho Deliberativo do CNS e o Encontro Amazônico foram impactantes. A sociobioeconomia nos diferencia enquanto modo de vida, porque estamos falando da nossa vivência, cultura e espiritualidade em nossos territórios, entidades, cooperativas, associações e sindicatos. E quando eles falam da economia, aí estão falando do capitalismo, ou seja, as empresas influenciando o nosso modo de vida, diferencia Edilson. E continua: Porque nas nossas comunidades temos a floresta em pé, o nosso rio com nosso pescado. Nós convivemos o puxirum que é nosso modo de vida, nós colhemos os extrativismos, nós banhamos nos rios e tudo isso, com o impacto das grandes empresas pode desaparecer e mudar o nosso modo de vida, finaliza.
Ao fim do Encontro, será construída a Carta Amazônia 2021 que trará as diretrizes na luta em defesa da sociobioversidade e da vida sustentável na Amazônia.
FONTE: Comunicação Fetagri-PA - Bruno Leão