Em audiência realizada no final da tarde de hoje (20), representantes da CONTAG, federações e sindicatos apresentaram para o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, as principais reivindicações do movimento sindical do campo, da floresta e das águas: a maior participação social na construção da política externa brasileira, especialmente por meio da constituição do Conselho Brasileiro de Relações Internacionais do Ministério das Relações Exteriores, e o apoio aos produtos da agricultura familiar na pauta da exportação brasileira.
Muito além de ser um segmento social, a agricultura familiar é um segmento produtivo, responsável por 10% do PIB do Brasil, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento Agrário. Por meio de representação na Confederação de Organizações de Produtores Familiares do Mercosul (Coprofam) e na Reunião Especializada sobre Agricultura Familiar no Mercosul (REAF/Mercosul) os(as) trabalhadores(as) rurais do Brasil têm participado de discussões sobre o fortalecimento da agricultura familiar na América Latina e no mundo, além de ter ativamente trabalhado pela eleição de José Graziano para a presidência da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). Por todas essas razões, a agricultura familiar precisa ter papel importante para a construção da política externa de nosso país, tanto no que diz respeito a questões comerciais quanto a questões de compartilhamento de experiências culturais e sociais.
Resposta insatisfatória
O ministro das Relações Exteriores não afirmou nada sobre a constituição do Conselho no MRE. Mauro Vieira apontou apenas que existem instâncias nas quais é possível ter conhecimento sobre os acordos efetuados pelo Brasil com outros países, como a Agência Brasileira de Cooperação e também os espaços nos vários ministérios por meio dos quais o governo brasileiro efetua acordos de cooperação internacionais. O embaixador também indicou a Secretaria Geral da Presidência da República como principal responsável pelo diálogo social na esfera do Mercosul e Unasul. "Temos também a possibilidade de diálogo nos diversos eventos e seminários que promovemos continuamente e que são abertos a participação social", afirmou.
O vice-presidente e secretário de Relações Internacionais da CONTAG, Willian Clementino, afirmou que essas instâncias não são suficientes. "Queremos estar num ambiente de discussão do ministério e não apenas de exposição das atividades efetuadas. Nós queremos ajudar a construir e conceber a visão de política externa do Brasil. Nós do meio rural, que só agora estamos sendo incluídos como cidadãos do nosso país, queremos também ser incluídos na discussão e no apontamento da política internacional. Nós da CONTAG não temos clareza sobre qual é a politica internacional brasileira. Nós só sabemos quando os acordos estão prontos", afirmou Willian.
Contribuções
Além do vice-presidente e secretário de Relações Internacionais da CONTAG, estavam presentes na audiência representantes de sindicatos e federações do Ceará, Pará, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Rondônia. A secretária de Política Agrária da FETAPE, Givalneide Pereira dos Santos, contribuiu para a discussão com o ministro Mauro Vieira. "Nós trabalhadores e trabalhadoras rurais fomos às urnas e às ruas para defender este projeto de governo que hoje nos representa. Por isso, viemos exigir um espaço de participação na construção de políticas e queremos a constituição desse Conselho", afirmou ela.
O secretário de Política Agrária e Meio Ambiente da FETRAECE, José Ferreira, também se pronunciou. "Nós aqui estamos cumprindo o papel de embaixadores da agricultura familiar. E viemos para esse ministério pedir para que vocês sejam nossos parceiros para que a agricultura familiar transcenda as fronteiras do Brasil".
Avaliação
Na avaliação de Willian Clementino, a equipe de negociação estava muito preparada para discutir com o ministro o papel produtivo, econômico e social da agricultura familiar para o Brasil e para o mundo. "Também avalio que o ministro subestimou a nossa capacidade de avaliar as relações internacionais e estou na expectativa que a partir de agora ele vai refletir sobre a resposta do Itamaraty para a presidenta Dilma e que possa encaminhar a proposta de criação de um conselho onde a sociedade possa acompanhar as cooperações internacionais feitas pelo Brasil".
FONTE: Assessoria de Comunicação CONTAG - Lívia Barreto